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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Fotografia de Kevin Carter

A qualidade das foto...
a proximidade 
do fotógrafo 
com seu objeto...
A emoção..
é até hoje, embora dispensável em tempos de fotografia digital, agora é possível..fotos assim e não tão perto.
TELEOBJETIVAS..A
s lentes de 50 mm, que os fotógrafos chamam de "lente normal" por ser a que melhor reproduz o ângulo de visão do homem.
A 50 mm capta a imagem de objetos que estão em um campo de 45º à frente, muito semelhante ao campo de visão do olho humano.
As teleobjetivas, mais longas, só deixam entrar a imagem de objetos que estão num pequeno campo de visão. Por isso eles parecem tão ampliados: porque uma pequena fração da imagem ocupará toda a foto.
Uma tele de 600 mm tem um campo visual de apenas 4°.
Esse "afinamento" provoca outro efeito: a perspectiva se desfaz, some a percepção das diferentes distâncias dos objetos, tudo o que aparece na foto parece estar à mesma distância.
A tele "chapa" o fundo, como acontece com a visão de um homem que vê com um só olho.
Ao dizer que uma foto é boa quando feita de perto, portanto, é um conceito estético mas também técnico, a partir da geometria, em a busca do que considera a perspectiva "verdadeira".
ÉTICA..há uma ideia que se tem, que 
a foto feita de longe distorce a posição dos elementos, ela fere o princípio 
de fidelidade da foto.
Um fotógrafo, no entanto, usou a teleobjetiva 
para produzir uma grande foto cujo impacto vem exatamente da redução da profundidade.
O sul-africano Kevin Carter foi colhido por uma polêmica em 1994, quando conquistava um dos maiores prêmios do jornalismo internacional, o Pulitzer.
Carter era parte de uma turma de jovens e audazes fotógrafos brancos, nascidos 
na África do Sul do apartheid, que se 
destacara na cobertura dos conflitos 
que quase resultaram 
em guerra civil na transição para a democracia multirracial criada sob o governo de Nelson Mandela, no início dos anos 1990.
Kevin e seus amigos estavam sempre a postos para testemunhar casos de violência.
Carter foi para o Sudão em março de 1993, 
para documentar a guerra civil entre tribos 
cristãs e o governo islâmico.
Lá, fez uma foto muito impressionante num acampamento de refugiados: um menino subnutrido à beira da exaustão é observado por um abutre que parece esperar sua morte.
A foto é chocante. 
Publicada pelo "New York Times", 
correu o mundo.
No ano seguinte, ganhou o Pulitzer 
de fotografia, o que deflagrou uma intensa polêmica: o que ele fez para salvar a criança? Como fotógrafo, buscou a foto 
chocante em vez de espantar o bicho...
A polêmica, porém, 
é toda imotivada: 
a foto sugere algo irreal. 
Há uma ilusão de óptica: a imagem foi feita com uma tele de 180 mm, 
que distorce a perspectiva.
O abutre parece estar mais perto, 
o que dá a falsa impressão de espreita.
Carter caiu em depressão meses 
depois de receber o prêmio e veio 
a se matar no mesmo ano.
Sua foto é um exemplo de como 
a aura de pecado se abate sobre quem 
não segue o mandamento de Capa...
Robert Capa, morto em 1954, no Vietnã, fixou uma regra para o fotojornalismo de guerra: a qualidade das fotos estaria ligada 
à proximidade do fotógrafo com seu objeto
NAVALHA
A administração da distância é
 o fio da navalha sobre o qual se move 
o fotógrafo e a emoção de um fato: 
se fica muito longe, não consegue 
uma cobertura "quente"; se chega 
muito perto, corre perigo.
Ao mesmo tempo, a proximidade 
expõe ao risco de produzir um retrato parcial.
O senso comum fixou a ideia de que o risco é inerente à fotografia de guerra, uma vez que ela só poderia se realizar a pequena 
distância do fato, o que muitas vezes 
implica risco de morte ou parcialidade. 
A tensão entre proximidade, risco e adesismo se cristalizou no cinema em filmes que têm fotógrafos como personagens, como "Sob Fogo Cerrado" (1983), de Roger Spottiswoode, "Salvador, O Martírio de um Povo" (1986), de Oliver Stone, e "Antes da Chuva" (Milcho Manchevski, 1994).
Mas uma análise dos equipamentos e da técnica fotográfica revela que a necessidade de proximidade em relação à fonte do risco de morte é falsa.
O exemplo mais conhecido é a cobertura de eventos esportivos.
A fotografia esportiva mostra que hoje já é possível retratar as cenas
com precisão sem chegar tão perto.
EVOLUÇÃO
Depois de anos de uma evolução estética que resultou em fotos absolutamente fechadas 
(em vez de um gol, o fotojornalismo dos 
anos 80-90 tentava mostrar detalhes como a expressão 
facial do autor do gol ao chutar), 
a foto esportiva vem recuperando 
os planos abertos, 
que permitem ver as jogadas e seus contextos.
Paralelamente, a evolução dos equipamentos, 
com a fotografia digital superando a resolução dos filmes químicos, torna possível, por exemplo, captar a imagem de um campo de futebol inteiro e recortar da imagem a cena específica que interessa publicar.
Essa possibilidade técnica, no entanto, tem sido refutada sob o argumento de que pode significar falseamento. É uma decisão coerente com o mandamento de Capa, mas que não se justifica à luz da técnica em si, e possivelmente nem da ética, caso se compare o ganho, com a redução de mortos e feridos, com os riscos de eventual adulteração da imagem (até porque os registros que a câmera eletrônica produz sobre seus fotogramas são detalhados como um RG 
e podem ser usados para conhecer 
as alterações feitas no original).
Da mesma forma que nos estádios olímpicos, 
os recursos técnicos já poderiam dar aos repórteres fotográficos a chance de documentar cenas de conflito sem necessariamente se aproximar tanto de seu objeto.