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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Tecnologias

A tecnologia não se revolta,
mas pode causar problemas
quando funciona bem demais.
Um automóvel é uma invenção..
recente
mas maluca. 
Cem automóveis
são uma poluição danada
e problemas de infraestrutura
Dez mil automóveis...
muito mais..
Um por família faz com que
o urbanismo se reconfigure. 
Um por pessoa obriga
todos a mudarem
seu estilo de vida.
Um celular é ficção científica.
Mil celulares parece
capricho de gente rica,
sem bateria ou sinal confiável.
Um aparelho por família impacta
o trabalho e a segurança.
Um por pessoa muda
indústrias e instituições
que nunca o levaram a sério.
Uma câmara em cada
um redefine comércio,
serviços,
turismo,
cidadania
e privacidade.
Novas tecnologias impressionam,
exatamente por serem inéditas.
Sua primeira versão costuma
ser um trambolho que mal funciona,
oferecendo, à custa de muito esforço, 
uma vantagem marginal com
relação aos processos que substitui.
Seu aperfeiçoamento..
e a se tornam invisíveis.
É exatamente nesse ponto
que transformam a vida,
de quem tem contato com elas.
Só se pensa na importância
da energia elétrica
ou do saneamento básico 
quando deixam de funcionar.
Ninguém levaria a sério,
alguém que dissesse
que um produto inventado
daqui a cinco anos seria,
daqui a uma década,
maior do que toda a internet.
No entanto foi isso o que
aconteceu com o You Tube.
Criado em 2005, em 2010
ele ocupava, sozinho,
mais banda do que toda
a rede na virada do século.
Uma tecnologia é
a manifestação física de ideias.
Como toda ideia, pode
dar errado por ser popular.
É o que acontece com os adolescentes
internados por problemas
cardíacos derivados
do excesso do consumo
de energéticos.
Ideias bem-intencionadas
também podem falhar
porque tornam possíveis
novos problemas 
que jamais existiriam
se elas não surgissem.
Computadores e smartphones
velozes e conectados
permitem o trabalho ininterrupto
e forçam seus usuários
a jornadas de intensidade
e duração nunca imaginadas...
doenças ou tendinites já esculhambam,
vidas de jovens.
Em zonas de guerra, estilhaços
de mísseis interceptados
caindo aleatoriamente
podem provocar
mais danos do que os próprios mísseis.
A integração das tecnologias
cria sistemas complexos
e interdependentes.
Por mais que sejam planejados
para evitar danos,
quando os improváveis se acumulam,
os efeitos podem ser catastróficos.
É o que se viu em 
Fukushima e Tchernobil,
mas também é o que se vê em
acidentes bem mais próximos, 
como a queda do voo AF 447.
Não faz sentido
se opor à tecnologia.
Isso é bobagem de rico.
Quem está do outro lado
da barreira da exclusão
não pensa se deve adotar
esta ou aquela máquina,
mas simplesmente,
quando irá fazê-lo.
É fundamental, no entanto,
compreender a novidade.
Ninguém de bom senso
quer uma 
web com menos páginas,
mas todos querem
ferramentas melhores
para selecionar a informação
que existe lá.
É por fazer esse filtro
que Google,
Twitter, Facebook 
e Wikipédia são populares.
Ideias,
enfim,
nascem para se procriar.
Por mais que toda gestação
possa camuflar uma gordura,
o bebê é inevitável.
Durante muito tempo,
as técnicas foram
como crianças,
dependentes e previsíveis.
A rede as colocou
em sua adolescência.
Quem não mudar
o diálogo,
que tem com elas,
não terá como
compreendê-las.