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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Aconteceu em 1965

...
A infância 
é o que 
demais 
nobre,

gente tem.
E,

é 
dela, 
que escrevo...
Sou
quem nasceu 
no fim anos 50...
A liberdade 
da 
imaginação 
é gerada
pela vida...
desde 
a infância  livre,
continua 
pela vida 
muitas vezes 
vai e vem,
muitos fatos
viram 
literatura.
Há histórias..
algumas 
mais
verdadeiras, 
outras 
menos,
nada 
demais 
contar...
Viram ou 
não viram....
Lembro o 
dia da neve...em 1965,
do pátio de casa branco,
telhados cheios,
neve nas janelas,
nos passos indo
até a rua principal,
a praça.
Venham 
ou não venham
reais 
ou imaginárias...
Mas vou a 
uma história...
da infância...
verdadeira. 
A vida é única..
a de cada um, tem
um brilho singular,
como é o sol em Iomerê,
suas montanhas.
Montes sempre rodeados 
de muito verde, que 
sempre levam ao sonho 
e encantam, a quem
se deixa ir e vir
em suas nuances.
Então sobre a vida ali há
muitas histórias,
como se 
numa fantasia...
num mundo 
encantado,
um mágico, 
aponta a vara 
e diz: 
conte-as senão silencia-as. 
Não estrague-as, 
na minha imaginação 
como quiser,
mas seja tua...
minha também,
a imaginação.
Sou uma pessoa 
muito inquieta...
imaginativa... 
As vezes como, 
me porto, 
como um poeta, 
ou um fotógrafo,
um buscador de fatos 
e histórias,
mas, que não para nunca, 
que está sempre buscando,
admirando, 
novos 
e antigos caminhos.
Um  caminho é o que 
se fez 
ou se  faz 
caminhando....
a cada dia 
na antiga vila.
Um caminho que se fez 

ontem.. 
onde
muitos 
o trilharam.
Hoje como ontem..
pensava ao andar por ai...
na bela praça...
em frente  a matriz..
era já noite... 
a lua linda,
num mesmo lugar,  
ainda lembro
do que foi há 50 anos,
embora
já no inverno de 2015.
O grande Boneco 
de neve na Praça...
..
Um dia 
tudo 
será 
memória... 
Hoje 
as pessoas andam 
na praça,
há os que andam
naquela rua,

pessoas,
os felizes,
as gentis,
as sábias,
as más,
todas,
todas,
todas,

serão 
memória um dia..
Da mente brilhante,
tem coisas 

que certamente
nunca sairá...

prefiro a descrição
da 
cidade pequena,
aqui
não era bem o lugar 
que imaginava,
que a vida não
era só sofrimento,
não isso 
é só besteiras,
claro nenhuma cidade 
é só dos sonhos,
mas cheia dos sonhos 
era assim
a amada Iomerê,
assim é nossa memória...
que revive volta e meia...
os passos que 
já dei neste praça,
na escola, 
na igreja matriz..
Não dá para falar
que há uma memória 

dos anos 50,
que foi um tempo que 
aqui não estive,
aportei aqui,
depois 
de uma viagem, 
sobre uma carroceria 
de madeira, 
vindo de Pinheiro Preto,
lembro bem  da camisa 
de Boulon azul anil,
num 
caminhão
mas já  era nos anos 60,
em agosto de 1963,
quando tinha 7 anos...

há...
este momento 
em 
minha memória.
Não se pode lembrar 

tudo
o que é verdade...

que há é
o que não se inventa,
e há o que nunca 

se inventou...
e não pouco porém

é tão verdade como estar
na  bela Iomerê.
Há textos de quando vim 

morar 
em Iomerê..
nos anos 60.
faz tempo que foram

lembrados e pensados..
Lembro do Frei Evaristo,
a escola 

onde estudei até os 15 anos
mas vou escrever
o fato que mais 

me tocou naquele período.
De tudo que reparei 

na minhas memórias
e que eram próximas 

de mim...
Foi na neve de 1965,

amanheceu tudo branco,
fomos a janela...
era algo fabuloso, 
num
encantamento á vista,
que dizia que está tudo diante
do olhos,
do branco,
meus olhos 
iluminavam, 
em pouco tempo,
era já lágrimas
em que,
não fui impedido de ver 

a neve, alem da janela, 
além do portão
mais o desejo 
de caminhar sobre ela.
Por momentos

não pude sair de casa,
por não ter sapatos.
O meu conflito íntimo, 

de estar fora,
da alegria compartilhada,
com meus pais e irmãos,
vizinhos,
de ver a neve....
mas caminhar,
brincar,
sonho de sair 
com irmãos e amigos.
é como me senti,
diante de uma 
situação dramática..
no quarto vazio,
o pé descalço.
o frio da manhã,
o dia, 

a imaginação,
me contavam
da festa na praça...
como tal evento...
está na foto, abaixo,
tudo muito triste.
O dia na memória 
é povoada
por este fluxo 
de lembranças,
cujos desdobramentos 
dão origem,
a uma incessante busca...
do significado...
do lado psicológico 

e espiritual..
que mexe com a gente.
Mais do que sentir-se 

rejeitado,
há a fragilidade de aceitar
na criança que era,
que já tinha enfrentado 
a perda de 2 irmãs... 
Mas o prazer negado,
de ver.. 

a neve..
na praça...
de Iomerê
na inocência...
de época..

ainda mais que 
fiquei sabendo 
que se construíra 
lá um boneco de neve...
mais  via já na rua em frente,
onde havia uma 
loja do Perroto,
que havia tantos amigos lá, 
se jogando flocos, 
enquanto a neve branca 
e incessante, caía, 
e até o padre 
Ernesto Boff,
como tantos por lá.
NEVE É ALEGRIA... E FOI.
...
Como outros textos autobiográficos,
há incômodo 
de saber
que poderia 
ter sido,
não foi 

e o que foi..
Fui alvo, de uma rejeição 

e bom saber que foi uma rejeição
momentânea...
No traçado da lembrança
há um linha entre sonho 

e  a memória,
há a história,
de um garoto 

que está angustiado...
que permanece 

uma manhã assim.
Há algo de lá..
poderia ser algo 
atravessado...
é bem diferente,
na contradição 
entre
o corpo
e o espírito
e o sonho,
de um menino..
A vida em Iomerê 
reservou,
um belo dia..
a neve ficou
quase uma 
semana,
que foi o tempo 
que durou,
os bonecos de neve,
que ficaram,
na praça de Iomerê.
Na tranquilidade 
de hoje,
sinto que não 

me permiti
que o sofrimento
me tomasse,

se tornasse,
uma chaga 

a vida toda..
ali um desgosto 

momentâneo...
na pobreza que 

era marcante.
A vida é assim,
de coisas que 

simplesmente 
não acontecem,
mas não,
há mal que sempre dure
ou que não dure 

a vida inteira...
afinal sempre 

há uma
alma bondosa 

a reparar
o mal feito...

Aconteceu em 1965,
houve uma vizinha..

a sempre  bondosa,
Dona 

Filomena Faoro,
que adentrou a casa  
de alvenaria,
em frente, 
ao lado do moinho,
veio até mim,
reparou o mal estar,
providenciando
o par de sapatos,
no meio 

para o fim da  manhã...
um sapato preto, 
que era do 
seu Filho caçula,
Nelson Faoro.
Com uma meia de lã..

então tive 
o prazer de ver,
correr, pegar flocos,
alegria era 
toda minha 
e dos guris da vila,
os Santini, Zucco, 
Lopes, Comelli,
Faccin, Zanini,
Faoro, Penso, 
Hentz, Candiago,
Zardo, Lazzari, 
Mendes, Mariani, 
Penso, Nora, Colissi, 
Rech, Pasqual, Viecelli, 
e os seminaristas 
Camilianos,
que desciam 
o monte 
na escada...
e que continua 
até hoje....
a escada e  a alegria.
...
No momento 
era 
de brincadeiras,
foi o 
prazer de ir a praça.
ver a neve..
como na 
foto abaixo..
no exato momento 
do inverno 
que aconteceu em  1965.
Fotos uma gentileza 
dos padres Camilianos,
Maria Clara Penso.
e Rebel