a proximidade
do fotógrafo
com seu objeto...
A emoção..
A emoção..
é até hoje, embora dispensável em tempos de fotografia digital, agora é possível..fotos assim e não tão perto.
TELEOBJETIVAS..A
TELEOBJETIVAS..A
s lentes de 50 mm, que os fotógrafos chamam de "lente normal" por ser a que melhor reproduz o ângulo de visão do homem.
A 50 mm capta a imagem de objetos que estão em um campo de 45º à frente, muito semelhante ao campo de visão do olho humano.
As teleobjetivas, mais longas, só deixam entrar a imagem de objetos que estão num pequeno campo de visão. Por isso eles parecem tão ampliados: porque uma pequena fração da imagem ocupará toda a foto.
Uma tele de 600 mm tem um campo visual de apenas 4°.
Esse "afinamento" provoca outro efeito: a perspectiva se desfaz, some a percepção das diferentes distâncias dos objetos, tudo o que aparece na foto parece estar à mesma distância.
A tele "chapa" o fundo, como acontece com a visão de um homem que vê com um só olho.
Ao dizer que uma foto é boa quando feita de perto, portanto, é um conceito estético mas também técnico, a partir da geometria, em a busca do que considera a perspectiva "verdadeira".
ÉTICA..há uma ideia que se tem, que
A 50 mm capta a imagem de objetos que estão em um campo de 45º à frente, muito semelhante ao campo de visão do olho humano.
As teleobjetivas, mais longas, só deixam entrar a imagem de objetos que estão num pequeno campo de visão. Por isso eles parecem tão ampliados: porque uma pequena fração da imagem ocupará toda a foto.
Uma tele de 600 mm tem um campo visual de apenas 4°.
Esse "afinamento" provoca outro efeito: a perspectiva se desfaz, some a percepção das diferentes distâncias dos objetos, tudo o que aparece na foto parece estar à mesma distância.
A tele "chapa" o fundo, como acontece com a visão de um homem que vê com um só olho.
Ao dizer que uma foto é boa quando feita de perto, portanto, é um conceito estético mas também técnico, a partir da geometria, em a busca do que considera a perspectiva "verdadeira".
ÉTICA..há uma ideia que se tem, que
a foto feita de longe distorce a posição dos elementos, ela fere o princípio
de fidelidade da foto.
Um fotógrafo, no entanto, usou a teleobjetiva
Um fotógrafo, no entanto, usou a teleobjetiva
para produzir uma grande foto cujo impacto vem exatamente da redução da profundidade.
O sul-africano Kevin Carter foi colhido por uma polêmica em 1994, quando conquistava um dos maiores prêmios do jornalismo internacional, o Pulitzer.
Carter era parte de uma turma de jovens e audazes fotógrafos brancos, nascidos
O sul-africano Kevin Carter foi colhido por uma polêmica em 1994, quando conquistava um dos maiores prêmios do jornalismo internacional, o Pulitzer.
Carter era parte de uma turma de jovens e audazes fotógrafos brancos, nascidos
na África do Sul do apartheid, que se
destacara na cobertura dos conflitos
que quase resultaram
em guerra civil na transição para a democracia multirracial criada sob o governo de Nelson Mandela, no início dos anos 1990.
Kevin e seus amigos estavam sempre a postos para testemunhar casos de violência.
Carter foi para o Sudão em março de 1993,
Kevin e seus amigos estavam sempre a postos para testemunhar casos de violência.
Carter foi para o Sudão em março de 1993,
para documentar a guerra civil entre tribos
cristãs e o governo islâmico.
Lá, fez uma foto muito impressionante num acampamento de refugiados: um menino subnutrido à beira da exaustão é observado por um abutre que parece esperar sua morte.
A foto é chocante.
Lá, fez uma foto muito impressionante num acampamento de refugiados: um menino subnutrido à beira da exaustão é observado por um abutre que parece esperar sua morte.
A foto é chocante.
Publicada pelo "New York Times",
correu o mundo.
No ano seguinte, ganhou o Pulitzer
No ano seguinte, ganhou o Pulitzer
de fotografia, o que deflagrou uma intensa polêmica: o que ele fez para salvar a criança? Como fotógrafo, buscou a foto
chocante em vez de espantar o bicho...
A polêmica, porém,
A polêmica, porém,
é toda imotivada:
a foto sugere algo irreal.
Há uma ilusão de óptica: a imagem foi feita com uma tele de 180 mm,
que distorce a perspectiva.
O abutre parece estar mais perto,
O abutre parece estar mais perto,
o que dá a falsa impressão de espreita.
Carter caiu em depressão meses
Carter caiu em depressão meses
depois de receber o prêmio e veio
a se matar no mesmo ano.
Sua foto é um exemplo de como
Sua foto é um exemplo de como
a aura de pecado se abate sobre quem
não segue o mandamento de Capa...
Robert Capa, morto em 1954, no Vietnã, fixou uma regra para o fotojornalismo de guerra: a qualidade das fotos estaria ligada
à proximidade do fotógrafo com seu objeto
NAVALHA
A administração da distância é
NAVALHA
A administração da distância é
o fio da navalha sobre o qual se move
o fotógrafo e a emoção de um fato:
se fica muito longe, não consegue
uma cobertura "quente"; se chega
muito perto, corre perigo.
Ao mesmo tempo, a proximidade
Ao mesmo tempo, a proximidade
expõe ao risco de produzir um retrato parcial.
O senso comum fixou a ideia de que o risco é inerente à fotografia de guerra, uma vez que ela só poderia se realizar a pequena
O senso comum fixou a ideia de que o risco é inerente à fotografia de guerra, uma vez que ela só poderia se realizar a pequena
distância do fato, o que muitas vezes
implica risco de morte ou parcialidade.
A tensão entre proximidade, risco e adesismo se cristalizou no cinema em filmes que têm fotógrafos como personagens, como "Sob Fogo Cerrado" (1983), de Roger Spottiswoode, "Salvador, O Martírio de um Povo" (1986), de Oliver Stone, e "Antes da Chuva" (Milcho Manchevski, 1994).
Mas uma análise dos equipamentos e da técnica fotográfica revela que a necessidade de proximidade em relação à fonte do risco de morte é falsa.
O exemplo mais conhecido é a cobertura de eventos esportivos.
A fotografia esportiva mostra que hoje já é possível retratar as cenas
com precisão sem chegar tão perto.
EVOLUÇÃO
Depois de anos de uma evolução estética que resultou em fotos absolutamente fechadas
Mas uma análise dos equipamentos e da técnica fotográfica revela que a necessidade de proximidade em relação à fonte do risco de morte é falsa.
O exemplo mais conhecido é a cobertura de eventos esportivos.
A fotografia esportiva mostra que hoje já é possível retratar as cenas
com precisão sem chegar tão perto.
EVOLUÇÃO
Depois de anos de uma evolução estética que resultou em fotos absolutamente fechadas
(em vez de um gol, o fotojornalismo dos
anos 80-90 tentava mostrar detalhes como a expressão
facial do autor do gol ao chutar),
a foto esportiva vem recuperando
os planos abertos,
que permitem ver as jogadas e seus contextos.
Paralelamente, a evolução dos equipamentos,
Paralelamente, a evolução dos equipamentos,
com a fotografia digital superando a resolução dos filmes químicos, torna possível, por exemplo, captar a imagem de um campo de futebol inteiro e recortar da imagem a cena específica que interessa publicar.
Essa possibilidade técnica, no entanto, tem sido refutada sob o argumento de que pode significar falseamento. É uma decisão coerente com o mandamento de Capa, mas que não se justifica à luz da técnica em si, e possivelmente nem da ética, caso se compare o ganho, com a redução de mortos e feridos, com os riscos de eventual adulteração da imagem (até porque os registros que a câmera eletrônica produz sobre seus fotogramas são detalhados como um RG
Essa possibilidade técnica, no entanto, tem sido refutada sob o argumento de que pode significar falseamento. É uma decisão coerente com o mandamento de Capa, mas que não se justifica à luz da técnica em si, e possivelmente nem da ética, caso se compare o ganho, com a redução de mortos e feridos, com os riscos de eventual adulteração da imagem (até porque os registros que a câmera eletrônica produz sobre seus fotogramas são detalhados como um RG
e podem ser usados para conhecer
as alterações feitas no original).
Da mesma forma que nos estádios olímpicos,
Da mesma forma que nos estádios olímpicos,
os recursos técnicos já poderiam dar aos repórteres fotográficos a chance de documentar cenas de conflito sem necessariamente se aproximar tanto de seu objeto.