quando ouço
minha fé...
é sobre Jesus..
Decidi escrever..
Decidi escrever..
responder
como que alguém
como que alguém
perguntar sobre a fé..
mas minha
fé permite que
fé permite que
algo assim
possa ser escrito
possa ser escrito
na primeira pessoa...
Não há novas revelações..
sobre Jesus...
sobre Jesus...
A existência histórica
da figura de Jesus é inegável.
O resto está aberto à discussão.
Nunca escondi de ninguém,
a minha crença religiosa.
É claro que isso cria um viés,
ainda que inconsciente,
em favor de
“acreditar em Jesus”
do ponto de vista da fé,
bem entendido.
E DAÍ? Embora seja cristão,
há dúvida em
um sem número de narrativas
da Bíblia,
(a Criação, o Dilúvio, o Êxodo,
muito do que
se diz sobre Davi e Salomão etc.)
não tem como ser história “real”
no sentido como a entendemos hoje.
O caso de Jesus, porém, é diferente
DO PONTO DE VISTA HISTÓRICOe não apenas do ponto de vista da fé.
Infelizmente, a chance
de uma descoberta dessas acontecer é próxima de zero.
Explico.
O fato, brava gente,
é que boa parte das pessoas comuns
do Império Romano, em especial os camponeses
de uma população conquistada como os judeus
da Galileia e da Judeia, são virtualmente invisíveis
para nós com base na arqueologia.
Sabemos um bocado sobre suas casas,
seus instrumentos de trabalho, suas sinagogas
e seus utensílios de cozinha,
mas não conseguimos
“colocar um rosto”
nesse povo todo:
não sabemos seus nomes,
as histórias que
contavam
em volta da fogueira,
o que pensavam, nada
a começar pelo fato de que quase todos,
se não todos, devem ter sido analfabetos.
É verdade que temos
monumentos funerários de padeiros,
açougueiros e ex-escravos romanos,
que contam um pouco da história dessas pessoas,
mas é preciso lembrar que esse é o povo
“que deu certo”:
gente que veio de baixo
e acabou conseguindo uma posição econômica
de destaque, e/ou tinha patronos
com mais dinheiro
e poder do que eles,
fazer um monumento funerário
era caro, pra começar.
Nada disso parece ter sido o caso de Jesus,
de sua família ou de seus discípulos,
oriundos, como eram, de um vilarejo de 200 pessoas
nas colinas da Galileia.
É natural que eles tenham sido “invisíveis”
ou, melhor dizendo, só tenham se tornado
visíveis por meio de documentos literários,
criados décadas depois da morte de Jesus
por discípulos que tinham nível educacional
e econômico mais elevado.
É, aliás, o que acontece com todos
os outros camponeses da Antiguidade:
suas caras e suas vozes só aparecem
quando são registradas
e, inevitavelmente, alteradas —
pelos textos de gente que não pertencia
à camada social deles.
O fato de que os Evangelhos retratam Jesus
como alguém que arrebanhou milhares
de seguidores antes de ser crucificado
não refresca muito as coisas. Primeiro,
é claro que os Evangelhos
podem estar exagerando
(até sem má intenção, apenas por distância cronológica)
o número de seguidores de Jesus.
Mas, fora isso, é importante lembrar que profetas,
pregadores e milagreiros eram um fenômeno comum na Palestina do século 1º d.C. Entre a ascensão de Herodes, por volta de 40 a.C., e a revolta judaica contra Roma em 66 d.C. — um século, portanto — há pelo menos uns dez casos registrados de rebeldes messiânicos ou profetas que bagunçaram o coreto na região. Nada indica que, para aquele momento inicial, Jesus era mais importante do que esses sujeitos.
Há a escassez de indícios arqueológicos diretos e a falta de fontes propriamente contemporâneas, escritas por
“testemunhas oculares da história”, para rejeitar a historicidade de Jesus, teríamos de rejeitar a historicidade de…
bem, de uns 70% dos personagens da Antiguidade clássica, ou talvez mais.
Ficaríamos só com os monarcas e os membros da alta nobreza. E olhe lá: pra quem assistiu os dois filmes “300″,
é bom lembrar que não daria
pra aceitar a historicidade de ninguém menos que Leônidas,
um dos reis de Esparta,
o sujeito que morreu defendendo
a Grécia da invasão persa em 480 a.C.
Uma fonte e primeira
e mais confiável da vida de Jesus é de Leônidas..
Os textos do historiador grego
Heródoto, que escreveu sobre
as guerras entre gregos e persas
por volta de 440 a.C., 40 anos depois da morte de Leônidas (coincidência ou não,
Marcos, o mais antigo Evangelho, foi escrito
uns 40 anos depois da morte de Jesus).
Parece que Heródoto entrevistou
alguns dos ex-combatentes dos dois lados,
mas muito do que escreve tem algum cheiro
de invenção épica ou de convenção literária,
como o relato sobre a luta desesperada
dos espartanos para proteger o corpo de
seu rei depois que ele tombou.
Tem alguma evidência arqueológica contemporânea sobre a existência de Jesus.
Um túmulo, um epitáfio, moedas com a cara dele?
Nada. Zero. Depois de Heródoto, temos apenas os
textos do historiador grego Éforo
(que só chegaram até nós por fragmentos),
que escreveu mais de um século depois das Termópilas,
por volta de 350 a.C. E, muito mais tarde,
textos da época romana, produzidos por
gente como Diodoro Sículo e Plutarco.
Dá para fazer o mesmo exercício que fiz
com Leônidas com uma série de personagens
da Antiguidade clássica. Sob esse ponto de vista,
Jesus é um personagem histórico muito mais bem
documentado do que Leônidas, já que há fontes
independentes cristãs, judaicas e pagãs,
todas compostas de algumas décadas
a um século depois da morte dele,
a respeito do Nazareno.
Meu próximo post começa a abordar essas fontes,
partindo de Flávio Josefo, um historiador judeu
cujos textos parecem ter sido alterados
por copistas cristãos posteriores,
mas, ao que tudo indica,
não de maneira irreparável.
Abaixo...
a Última ceia de Tintoretto.
Que Jesus,
em sua mente..
possa
ajudar a pensar,
eis uma devoção
e
o meu pensamento..
da figura de Jesus é inegável.
O resto está aberto à discussão.
Nunca escondi de ninguém,
a minha crença religiosa.
É claro que isso cria um viés,
ainda que inconsciente,
em favor de
“acreditar em Jesus”
do ponto de vista da fé,
bem entendido.
E DAÍ? Embora seja cristão,
há dúvida em
um sem número de narrativas
da Bíblia,
(a Criação, o Dilúvio, o Êxodo,
muito do que
se diz sobre Davi e Salomão etc.)
não tem como ser história “real”
no sentido como a entendemos hoje.
O caso de Jesus, porém, é diferente
DO PONTO DE VISTA HISTÓRICOe não apenas do ponto de vista da fé.
Infelizmente, a chance
de uma descoberta dessas acontecer é próxima de zero.
Explico.
O fato, brava gente,
é que boa parte das pessoas comuns
do Império Romano, em especial os camponeses
de uma população conquistada como os judeus
da Galileia e da Judeia, são virtualmente invisíveis
para nós com base na arqueologia.
Sabemos um bocado sobre suas casas,
seus instrumentos de trabalho, suas sinagogas
e seus utensílios de cozinha,
mas não conseguimos
“colocar um rosto”
nesse povo todo:
não sabemos seus nomes,
as histórias que
contavam
em volta da fogueira,
o que pensavam, nada
a começar pelo fato de que quase todos,
se não todos, devem ter sido analfabetos.
É verdade que temos
monumentos funerários de padeiros,
açougueiros e ex-escravos romanos,
que contam um pouco da história dessas pessoas,
mas é preciso lembrar que esse é o povo
“que deu certo”:
gente que veio de baixo
e acabou conseguindo uma posição econômica
de destaque, e/ou tinha patronos
com mais dinheiro
e poder do que eles,
fazer um monumento funerário
era caro, pra começar.
Nada disso parece ter sido o caso de Jesus,
de sua família ou de seus discípulos,
oriundos, como eram, de um vilarejo de 200 pessoas
nas colinas da Galileia.
É natural que eles tenham sido “invisíveis”
ou, melhor dizendo, só tenham se tornado
visíveis por meio de documentos literários,
criados décadas depois da morte de Jesus
por discípulos que tinham nível educacional
e econômico mais elevado.
É, aliás, o que acontece com todos
os outros camponeses da Antiguidade:
suas caras e suas vozes só aparecem
quando são registradas
e, inevitavelmente, alteradas —
pelos textos de gente que não pertencia
à camada social deles.
O fato de que os Evangelhos retratam Jesus
como alguém que arrebanhou milhares
de seguidores antes de ser crucificado
não refresca muito as coisas. Primeiro,
é claro que os Evangelhos
podem estar exagerando
(até sem má intenção, apenas por distância cronológica)
o número de seguidores de Jesus.
Mas, fora isso, é importante lembrar que profetas,
pregadores e milagreiros eram um fenômeno comum na Palestina do século 1º d.C. Entre a ascensão de Herodes, por volta de 40 a.C., e a revolta judaica contra Roma em 66 d.C. — um século, portanto — há pelo menos uns dez casos registrados de rebeldes messiânicos ou profetas que bagunçaram o coreto na região. Nada indica que, para aquele momento inicial, Jesus era mais importante do que esses sujeitos.
Há a escassez de indícios arqueológicos diretos e a falta de fontes propriamente contemporâneas, escritas por
“testemunhas oculares da história”, para rejeitar a historicidade de Jesus, teríamos de rejeitar a historicidade de…
bem, de uns 70% dos personagens da Antiguidade clássica, ou talvez mais.
Ficaríamos só com os monarcas e os membros da alta nobreza. E olhe lá: pra quem assistiu os dois filmes “300″,
é bom lembrar que não daria
pra aceitar a historicidade de ninguém menos que Leônidas,
um dos reis de Esparta,
o sujeito que morreu defendendo
a Grécia da invasão persa em 480 a.C.
Uma fonte e primeira
e mais confiável da vida de Jesus é de Leônidas..
Os textos do historiador grego
Heródoto, que escreveu sobre
as guerras entre gregos e persas
por volta de 440 a.C., 40 anos depois da morte de Leônidas (coincidência ou não,
Marcos, o mais antigo Evangelho, foi escrito
uns 40 anos depois da morte de Jesus).
Parece que Heródoto entrevistou
alguns dos ex-combatentes dos dois lados,
mas muito do que escreve tem algum cheiro
de invenção épica ou de convenção literária,
como o relato sobre a luta desesperada
dos espartanos para proteger o corpo de
seu rei depois que ele tombou.
Tem alguma evidência arqueológica contemporânea sobre a existência de Jesus.
Um túmulo, um epitáfio, moedas com a cara dele?
Nada. Zero. Depois de Heródoto, temos apenas os
textos do historiador grego Éforo
(que só chegaram até nós por fragmentos),
que escreveu mais de um século depois das Termópilas,
por volta de 350 a.C. E, muito mais tarde,
textos da época romana, produzidos por
gente como Diodoro Sículo e Plutarco.
Dá para fazer o mesmo exercício que fiz
com Leônidas com uma série de personagens
da Antiguidade clássica. Sob esse ponto de vista,
Jesus é um personagem histórico muito mais bem
documentado do que Leônidas, já que há fontes
independentes cristãs, judaicas e pagãs,
todas compostas de algumas décadas
a um século depois da morte dele,
a respeito do Nazareno.
Meu próximo post começa a abordar essas fontes,
partindo de Flávio Josefo, um historiador judeu
cujos textos parecem ter sido alterados
por copistas cristãos posteriores,
mas, ao que tudo indica,
não de maneira irreparável.
Abaixo...
a Última ceia de Tintoretto.
Que Jesus,
em sua mente..
possa
ajudar a pensar,
eis uma devoção
e
o meu pensamento..