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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Tropeando o gado II.

Os tempos mudam
e
nós mudamos...
Se o tempo
apaga lembranças
de um corpo,
ou
de um rosto,
sei que tempo não apaga todas
lembranças
da memória.
Há pessoas que fizeram um
pequeno instante,
e tão outros
serem,
grandes momentos.
Disse isso...
Lembrava,
meus 12 anos,
já tropeiro,
a viagem
num cavalo tordilho...
nos campos de Água Doce e Palmas...
bebia água do Rio Rozeira...
Ali cheguei uma noite...
no cavalo...
retirei
a primeira parte da encilha...
o buçal e freio,
pelegos a barrigueira,
baixeiro, laço,
peiteira enfim todos os arreios,
restava o cabresto.
De bota com espora e chapéu...
puxei o cavalo pra dar uns passos na cabanha... Era a fazenda Rozeira
Olhava o horizonte..
O Sol, de presença suave...
como que tateando as colinas...
no fim da tarde,
acima de um capão,
no agrupamento de mato
do campo,
apenas um ser avermelhado,
se anunciava e via partir,
lentamente,
num céu rubro.
A claridade é pouca...
Olho o horizonte..
O Sol,
Hoje..
Sempre há algo
que se traduz em cor..
Enquanto a luz
orienta os homens
para mudança,
a escuridão da noite,
chama a reflexão.
Aqui pequenos fragmentos
do que passava ali no galpão.
A intimidade da vida de tropeiro,
despojado,
Ao reaparecer,
a noite na casa de paredes quase nuas
na estreita varanda
de chão de madeira,
Os dias agora não são os mesmos
e mesmo é hoje,
só o gosto amargo
do chimarrão,
o mesmo chimarrão
que mateava pensando
que faria quando
o dia começar...
Muita coisa acontece na vida
ao homem solitário do campo,
ele, o cão e o gado.
A largura dos horizontes
em que nasci
e
me criei,
muito bela, como aqui,
que me
habituei a olhar para longe,
e olhava sempre para longe...
tão cedo na vida.
Tenho de mim mesmo,
sempre está uma perspectiva bela,
no fim do dia ao olhar o horizonte.
quase de sonho.
A visão da fazenda,
o verde
já a um tempo,
me ensinara,
que a realidade da fazenda,
o campo de pastagens,
o capão, o rio,
os bois no pasto,
as aves no céu,
o vento forte e o frio...
Olho o horizonte...
tomando hoje um chimarrão...
a erva amarga ,
no Sol, de presença ainda suave.
Hoje..
com o passado,
acomodado vendo o tempo...
na tarde,
que se traduz em..
uma lembrança feliz..
como que ouvia o berro do bois...
o som do rio.
Hoje, tudo começa como
um dia qualquer
na vida, um dia incomum.
De excepcional, esse dia
só tem o sol, o fogo de chão...
o palheiro do peão,
além do gado que sai no alto do capinzal,
da fazenda.
Já cedo partia a boiada,
rumando a balança, de pesar o gado,
Enquanto a vida orienta
os homens
para mudança,
nos orientamos
gado me direção do portão..
e do mata burro.
Aqui pequenos fragmentos
do que passa na minha mente...
Um olhar de desejo..
ao sair na estrada...
depois de ver uma vaca correndo,
como que se transformasse em
inoportuna a retirada da fazenda.
Voltar a intimidade
do casa do capataz,
o próprio,
na casa grande
e porém simples,
móveis
ou decoração de madeira.
Ao reaparecer, aqui, mistura de tudo,
trago consigo o passado,
na forma de vivências afetivas
e de experiências de um viajante...
Contando os causos..
do tempo
e do gado na estrada..
Ele riu.
Eu também.
Mas posso defender a minha ideia,
que aquilo foi e sempre será.. um lugar que... confesso que vivi...com emoção.
Tropeando o gado era aqui assim...
onde começava a vida fora da fazenda.