[...] AMBIGUIDADE É FALAR
SOBRE O QUE DEVE SER FEITO,
MAS NÃO FAZER
E CONTINUAR FALANDO...
SOBRE O QUE DEVE SER FEITO,
MAS NÃO FAZER
E CONTINUAR FALANDO...
Ambiguidade. Querer, sem ir atrás.
Falar só para falar.
Um pouco do que estou fazendo aqui...
E comigo mesmo.
Falar só para falar.
Um pouco do que estou fazendo aqui...
E comigo mesmo.
Como a gente muda, sem perceber e, de repente,
se enxerga outra pessoa.
Tem outros interesses, outras aspirações...
Às vezes, até outro paladar e se enxerga outra pessoa.
Tem outros interesses, outras aspirações...
um gosto diferente pela vida.
Olho para minha estante.
Está cheia de livros de Heidegger, um filósofo que tanto me ajuda a pensar, me dá tanto material para o trabalho, me abre tantos caminhos e, hoje..digo que as vezes estamos tão distantes nas finalidades. ..uma verdade..
Uma quer as verdades minhas não universais: que aqui é meu lugar.
Não apenas gosto ler, mas o desejo de escrever,
também.
Sempre que estou a fim mergulho na literatura..ou na musica..ou na fotografia..me convenço..que nã há anda mais importante de termos de lazer
Vou indo aos poucos...
Todo ano me prometo (e reitero a promessa para este ano) que vou escrever um romance.
Menos. Um conto está bom. Não.
Dois, três, um livro de contos. É isso, vou me dedicar à ficção...
Mas fico dando voltas. Adiando. Medo de escrever.
O quê?
Sobre o quê?
A gente vai mudando, mas nem tanto.
Parece que muda por dentro mas, mudar aí fora, no mundo, é que são elas!
Existem os compromissos, a necessidade de sobrevivência, os acordos com os outros que precisarão ser modificados, renovados ou, quem sabe, rompidos.
Vamos sustentar isso?
E tem, ainda, o tempo e os interesses dos outros, que nem sempre combinam com os da gente.
Se desse para seguir em frente sozinhos...
Mas quem quer realizar o que promete a si mesmo se, com isso, por exemplo, magoar os outros? Difícil.
Tem a preguiça, também.
Ah, começar tudo de novo, quando tudo, de alguma maneira, está correndo tão bem...
E tem a insegurança.
Será que vai dar certo?
E se eu investir, mudar um monte de coisas, empregar tempo, dinheiro e esforço
e não der em nada? Se for bom só no sonho? Melhor só sonhar.
Heidegger (aquele filósofo) diz que,
no dia a dia, usamos um modo de linguagem
que nos ajuda a não sair do lugar: a ambiguidade.
Ambiguidade é falar sobre o que deve ser feito,
mas não fazer e continuar falando.
Por exemplo:
"Segunda-feira começo uma dieta",
"Vou parar de fumar"...
Machado de Assis diz algo semelhante no conto "
Teoria do Medalhão",
em que um pai ensina o filho
como proceder para ser grande e ilustre.
Entre seus conselhos, está o de jamais dar alguma ideia inusitada ou que indique uma atitude a ser tomada.
E, continua ele, quando houver a requisição de certo comportamento, nada melhor do que sair pela tangente. Melhor falar de tudo por alto, como "Antes das leis, reformemos os costumes".
É a mesma fórmula do
"Quando... então", em que se espera condições,
ideias para agir -"Quando eu tiver mais dinheiro...",
"Quando as crianças crescerem..."
Ambiguidade.
Querer, sem ir atrás.
Falar só para falar.
Um pouco do que estou fazendo aqui...
E comigo mesmo.