É preciso
não
esquecer
nada...
nem
a torneira aberta
não
esquecer
nada...
nem
a torneira aberta
nem o fogo aceso,
nem o sorriso para
nem o sorriso para
os infelizes
nem a oração de
nem a oração de
cada instante.
..
É preciso não esquecer
de ver
a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer
o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa
o nosso nome, o som da nossa
voz, o ritmo do nosso pulso.
...
O que é preciso esquecer
é o dia carregado de atos,
a ideia de recompensa
a ideia de recompensa
e de glória.
O que é preciso é ser
O que é preciso é ser
como se
já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto
não nos pertence.
Cecília Meireles
Cecília Meireles