Penso, enfim, 
sozinho,
sozinho,
tomando café da manhã, 
sonhando com um amor 
que ainda não existe, 
com uma família  
que desabou... 
e 
com um sucesso meu
com um sucesso meu
efêmero ou não, 
o vento que sopra 
na janela...
A aurora,
prenuncia..um belo dia..
Imerso na minha solidão.
O que falta em mim,
pois eh..
um homem 
que venceu,
maduro,
na vida equivale,
no imaginário de uma mulher,
que venceu,
maduro,
na vida equivale,
no imaginário de uma mulher,
um ser flambado em ouro...
Há pouco era 
um homem nu
um homem nu
dormindo só, 
na cama...
na cama...
Deve ter algo errado comigo..
será por medo,
Sera o que está por trás 
de todo ser...assim.
Até que é o que sei 
sou dos mais seguros
sou dos mais seguros
e comportados
Deveria continuar a morar 
na minha 
casinha a beira rio
casinha a beira rio
e 
com a companhia das bananeiras.
"Hoje só me interessa coisas 
de um homem comum e o
que as pessoas comuns vivem". 
Como isso implica muita coisa, 
não me interessa mais,
não é me esconder atrás de nada, 
nem pra negar minha insegurança. 
Há muitas pessoas certinhas 
por ai
por ai
e 
isso quer dizer 
são pessoas inseguras,
são pessoas inseguras,
evitam mudar o cabelo , 
o tipo de sapato, 
a roupa da moda,
tudo muito,
mas sempre,
estão muito parecido aos outros..
mas sempre,
estão muito parecido aos outros..
lhe dá mais segurança..
ser igual isso....
pois
ser diferente não há isso,
então ai se 
escondem atrás disso,
chamado moda, ou tendência,
chamado moda, ou tendência,
porque não são capazes 
de falar em primeira pessoa. 
Medrosos e pouco criativos, 
levam a vida assim,
sempre cheios de medo, 
e medos da opinião dos outros 
ou dos amigos ou inimigos e 
o que importa é
o que importa é
o  ser parte da boiada 
e do aniquilamento 
da individualidade
Meus desafetos que 
me perdoem 
sou muito comum  
e 
falo na primeira pessoa 
sempre que posso.
Reconheço minhas falhas 
e culpas, 
minha máxima culpa: 
tenho dado 
razão, pra pensar assim. 
Quando um ser é chamado 
por um subalterno de "sir":
 "Don't call me sir, I work for living" 
(não me chame de "sir", 
eu trabalho pra sobreviver). 
Esse não é o meu caso, 
sou  um ser que vive,
as vezes de uma
as vezes de uma
catarse  
e brasileiro embora goste 
e tenha cidadania Italiana, 
do meu Avô Silvio, entre tantos, 
que veio pra cá 
e aqui se virou como 
pode, 
deixou um legado lidando com 
medos e crises repetidas 
na primeira guerra e segunda, 
com autoestima média,
foi um longo do caminho...
até a mim...
sempre penso nele quando
vou a Tangará...
vou ao Cemitério, 
no seu túmulo.
no seu túmulo.
Como todo mortal, 
faço o que posso 
diante da opacidade 
do mundo
do mundo
e da mentira geral 
que permeia 
a ordem das coisas. 
Mas não sou um pessimista. 
Existe a beleza 
e a generosidade
e a generosidade
no mundo, 
elas se misturam a tudo mais, 
como o ouro, 
se mistura ao lixo,
à lama e 
à violência do garimpo.
à violência do garimpo.
O próprio fato 
de que hoje
de que hoje
estou 
aqui falando isso, 
é a prova cabal 
de que não posso 
negar a felicidade
negar a felicidade
e o sucesso que existem....
como 
possibilidade 
na vida dos homens comuns.
Tá bom..na vida dos homens comuns.
dizer umas boas coisas 
da minha vida,
mas 
fiquei um bom tempo,
sem sonhar com mulheres
fiquei um bom tempo,
sem sonhar com mulheres
aquelas cantadas por Caetano..
do Caetano 
Fonte de melNos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
e sobre pôsteres do Che Guevara..
nunca tive..
Mulheres reais ainda são 
as melhores amantes.
as melhores amantes.
Não sei,
qual é,
" a melhor"
de algumas de fêmeas dadivosas
que em enchia de prazer...
qual é,
" a melhor"
de algumas de fêmeas dadivosas
que em enchia de prazer...
e de dizer "foi bom para ti..". 
Quem nunca viveu algo parecido...
Se uma paixão depois,
nos maltrata,
Se uma paixão depois,
nos maltrata,
nos escraviza é, 
por alguma razão obscura, 
essa é uma das partes 
não,
mais fascinantes da vida..
não,
mais fascinantes da vida..
Hoje, sei que estava 
muito mais fascinado
por aquela mulher,
em ser aquele homem poderoso
ao tê-la...
Se ficou
indignada
será que não entende..
este papo...
muito mais fascinado
por aquela mulher,
em ser aquele homem poderoso
ao tê-la...
Se ficou
indignada
será que não entende..
este papo...
é que não compactuo com a repressão 
que hoje tende a destruir 
o pensamento 
livre.
Mas não pense que, por isso, 
acredito
que esteja "construindo 
um mundo melhor".
Como dizia um amigo meu, 
filho médico de 26 anos: 
eramos colegas..
eramos colegas..
"O sofrimento é.
algo que se repete,
constante,
algo que se repete,
constante,
sai de um lugar, 
aparece em outro". 
O fato de não compactuar 
com a mentira do bom-mocismo 
é, em mim, 
uma condição quase fisiológica, 
sai como um grito 
de horror incontrolável. 
Não é uma virtude, é um vício. 
É uma dor que pede alívio imediato. 
Quer exemplos de máximas 
que me fazem urrar de dor..
"Todos os homens são iguais e legais", 
"não diga coisas que façam as pessoas desacreditarem 
nisso ou em si mesmas",
 "o mal está por ai não 
há como negar 
é uma constante da natureza humana",
 "não existem culturas melhores do que outras", 
 "as mulheres são  
e estão solitárias em suas carreiras profissionais bem-sucedidas", 
"os homens modernos não sentem 
que são manipulados 
pelas mulheres, 
agora emancipadas, 
mas que continuem 
a fazer chantagens emocionais 
como suas avós faziam 
pra submetê-los a sua 
vontade dominadora", 
"a natureza é uma mãe". 
não é igual a dizer, mãe do sol.
O que falta em mim não é o medo 
que está 
por trás de todos 
uma unanimidade. 
Não tenho medo 
que usem algo 
contra mim.. 
Nada. 
Não sou nada, 
como todo brasileiro, 
sou uma exceção
não sou uma mistura de europeu, 
índio e negro. 
Sou apenas Europeu..
nascido aqui...
é não é a terra que conta...
em ser ou não ser.
em ser ou não ser.
Como todo mundo, 
tenho alguns preconceitos 
e quem diz que não 
os têm 
são os verdadeiros preconceituosos. 
Vou continuar a tentar,
ter a minha
ter a minha
liberdade de pensamento, 
mesmo que forças opostas 
me digam o contrário. 
Se existe alguma  mediocridade, 
tô longe 
dentro do meu silêncio 
e do meu medo. 
Quando falo que sou...
um homem comum,
um homem comum,
penso no homem comum do livro 
"O Homem Comum", de Philip Roth. 
Penso naquele homem 
ou naquela mulher 
que, quando vai ao cemitério 
e vê um caixão baixando ao solo, 
inevitavelmente sente um frio,
na barriga 
e um desespero na alma. 
Penso naquela mulher 
que se vê abandonada,
depois de anos de dedicação 
a um homem
a um homem
só porque chegou aos 40 anos 
e 
porque não tem mais 
aquelas curvas,
aquelas curvas,
ou não consegue mais 
sorrir tão fácil.
sorrir tão fácil.
Penso naquele homem 
que sabe que
que sabe que
sua vida está pendurada 
por uma corda,
que aperta seu pescoço 
cada vez que 
os juros do seu cartão
os juros do seu cartão
de crédito sobem. 
Penso naquele idoso 
que não vê 
mais seus filhos 
porque envelheceu pobre...
vou continuar,
pensando,
vou continuar,
pensando,
aqui,
na minha casinha,
no mato e cheia de natureza
na minha casinha,
no mato e cheia de natureza
no meio do mato...