segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Vou-me embora pra Pasárgada, um poema de Manuel Bandeira.
A idílica paz
ainda existe aqui,
no verde..
no ar é puro,
aqui moram tranquilidade
e a comunhão com a natureza,
a simplicidade e a paz,
onde a violência,
não chegou..
e muito verde pela frente.
E uma vertente que
não se contaminou
Pela manhã
o sol nascente,
E os passarinhos cantam,
lembro dos banhos de riacho.
Sem chimarrão
que eu não gosto..
mas o chimarrão é verde
verde tem um sabor
de esperança,
no olhar o verde,
um santuário,
uma prece..
Entre o silêncio..
sentir algo,
que dá paz..
repouso aqui,
junto à sombra,
da árvore..
som só dos pássaros,
e
do cão que late..
Aqui o verde
é presente,
é o futuro...
Aqui é tudo verdade,
a natureza ainda resiste
e
reside em cada alma
Caos na cidade..
mas aqui
sei pra aonde vou..
vou ficar aqui..
não vou..
como dizia:
Manuel Bandeira,
vou-me Embora pra Pasárgada..
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Words
Photo
Rebel.