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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Memórias

Se alguém está escrevendo suas memórias.
a obra é confiável... depende...
Nossas memórias, muitas vezes parecem vívidas a ponto de as julgarmos uma espécie de fotografia do passado, são mais bem descritas como uma fantasia de nossas psiques.
O que o cérebro guarda são registros hipertaquigráficos a partir dos quais nossa mente reconstrói o episódio cada vez que nos lembramos dele.
Esse processo é distorcido pelo que estamos sentindo ou pensando quando acionamos a memória.
Algumas lembranças ficam estáveis por décadas, outras são sutilmente modificadas e há as que sofrem transformações profundas.
Elas são indistinguíveis em nossas cabeças.
Essas mudanças não ocorrem ao sabor do acaso.
A memória não evoluiu para promover a verdade, mas para nos fazer viver vidas melhores.
Ela não deve ser uma alucinação tão tresloucada que nos leve a cometer erros fatais, mas, se as distorções forem no sentido de nos tornar mais seguros e confiantes, são mais do que bem-vindas.
Nós nos lembramos muito mais daquilo com o que podemos viver do que daquilo que efetivamente vivemos.
A notável exceção são as pessoas clinicamente deprimidas, que fazem uma avaliação surpreendentemente realistas de si mesmas.
Não se sabe se é a depressão que leva à percepção mais acurada ou se é a visão mais realista que provoca os pensamentos deprimentes.
De todo modo, o excesso de realismo não é muito saudável.
Se você é um leitor em busca de verdades, leia algo  de  depressivos notórios.