Se alguém
está escrevendo suas memórias.
a obra é confiável... depende...
Nossas memórias,
muitas vezes parecem vívidas a ponto de as julgarmos uma espécie de fotografia do
passado, são mais bem descritas como uma fantasia de nossas psiques.
O que o cérebro guarda são registros hipertaquigráficos a partir dos quais
nossa mente reconstrói o episódio cada vez que nos lembramos dele.
Esse processo
é distorcido pelo que estamos sentindo ou pensando quando acionamos a memória.
Algumas lembranças ficam estáveis por décadas, outras são sutilmente modificadas
e há as que sofrem transformações profundas.
Elas são indistinguíveis em nossas
cabeças.
Essas mudanças não ocorrem ao sabor do acaso.
A memória não evoluiu para
promover a verdade, mas para nos fazer viver vidas melhores.
Ela não deve ser
uma alucinação tão tresloucada que nos leve a cometer erros fatais, mas, se as
distorções forem no sentido de nos tornar mais seguros e confiantes, são mais do
que bem-vindas.
Nós nos lembramos muito mais daquilo com o que podemos viver do
que daquilo que efetivamente vivemos.
A notável exceção são as pessoas clinicamente deprimidas, que fazem uma
avaliação surpreendentemente realistas de si mesmas.
Não se sabe se é a
depressão que leva à percepção mais acurada ou se é a visão mais realista que
provoca os pensamentos deprimentes.
De todo modo, o excesso de realismo não é
muito saudável.
Se você é um leitor em busca de verdades, leia algo de depressivos notórios.