...
Talvez
tudo exista em função
da última imagem,
da tarde,
em que
aquilo que vemos..
e se pode contar aqui
por motivos óbvios..
ressurge e recupera
a intensidade que o dia até
então nos sonega...
Ainda assim é..
o belo entardecer...
Seria bom sempre
tentar olhar...
Olhar.....
para o fim da tarde..
e descobrir mais tarde
que a vida
não termina em um pôr de sol.
Algo, no entanto,
me parece deixar Inquieto..
é a estranha aproximação
da noite...
o crepúsculo..
este hiato..
entre dia e a noite..
e o que este
momento promove.
Distanciamos do dia para
enveredar na noite.
O que fascina fortemente...
ali diante dos olhos...
é o mistério do crepúsculo.
Como que a mente vagueia..
por um mundo que a de vir,
cujo sentido parece
fechar-se ao entardecer..
Se insinua na imagem
este conteúdo mesmo.
E isso...
acontece todos os dias..
O que nos leva
a pensar com tal ímpeto,
e quase em tempo integral,
na vida e no que a de vir
com a escuridão..
no longo do tempo...
da noite.
Ontem eu observava
o crepúsculo,
estava lá no alto..
por este motivo..
tão diferente...
de outros seres..
No entanto,
há um inquietude..
um quê..
de ver nisso...
sentir isso..
Algo mais me remete
a essa época..
um certa época de menino...
Pouco tempo...
depois eu descobri que
a ligação da noite..
era que não
havia luz elétrica
na minha infância..
era só um lampião..
A escuridão era algo
que me atordoava..
A escuridão é uma sensação
mais imediata,
de quem vive no interior...
esta transição dia...
noite..
é mais intensa
num lugar sem luz...
artificial.
Desde aí,
uma estranha sensação..
alguma semelhança
com o pôr de sol de ontem..
Mas, acima de tudo,
nada priva-nos do ver
o belo fim de tarde..
Mas também..
vem a mente
o sentido da inquietação...
Temos diante dos olhos...
como algo que desfila
por quase minutos..
é a hora,
que nada há de indiferença..
A nuvens passeando..
invadindo..
o distante olhar do crepúsculo..
tem mesmo este
um peso dramático...
Por isso..
talvez..
Talvez tudo exista
em função da última
cena do dia..
em que aquilo
que vemos..
faz ressurgir e recuperar
a intensidade..
de até então,
que o tempo
não nos sonegara.
Práticas poéticas
e de psicanálise,
enfim.
A arte fotográfica
no seu papel..
a ver com inquietações..
dos seres...
as vezes..