Primavera na Pradaria", gravura, do russo Marc Chagall,
Marc Chagall se divide em dois mundos separados
pela guerra.
No levante do nazi-fascismo, nos anos 30,
fez sua versão dos episódios bíblicos flertando
com as figuras tempestuosas do expressionismo
e a luz faiscante de Rembrandt.
Passado o caos, retrata um universo pós-escombros mergulhando
na potência cromática de Matisse.
As gravuras pontuam esta ambivalência na obra deste artista.
Russo radicado na França, Marc Chagall
virou um dos maiores nomes da história da arte
sem se enquadrar em nenhuma
das vanguardas do século 20.
Misturou as arestas saltadas do expressionismo
à sensualidade das cores dos fauvistas,
numa obra que pende para a síntese absoluta.
Mas, "E isso é diferente,
porque na obra há rastros poéticos de Chagall
que não é épica, é sensual, romântica,
exalta a beleza comum."
Nas obras surgem vacas em voo livre,
cabras que se sentam à mesa do banquete,
amantes em ascensão,
flores, homens e mulheres
em turbilhões multicoloridos.
"Esse é o mundo hedonista,
onde os deuses se misturam
de outra forma com o homem",
"São duas visões de mundo, primeiro
o Deus que castiga e depois os deuses pagãos,
que se fundem a virtudes e defeitos humanos."
Talvez menos a guerra e mais o contraste entre crenças tenha servido de impulso às duas séries. Lado a lado, mostram um artista que soube transitar por diversas correntes estéticas e -acima delas- as éticas.
pintura acima "Primavera na Pradaria", de Marc Chagal