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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A Força do Passado na tão distante: 1963

Eu estava sentado agora 
revendo atualidades.
A sala vazia ainda, 
o notebook na minha frente 
e voltei ao idos de 1963.


O que vai ser de nós.
Eu levei um susto...
quando chegamos 
num caminhão na vila
de Iomerê...
meus irmãos.. 
minha mãe...
meu pai.
Tudo estava nos eixos, 
boas casas, 
a crise era nossa, 
ameaçando nossas vidas, 
alguém nos olhou como 
que perguntasse...
O que vai ser de vocês, 
nem o deles nem o meu, 
que diabo, 
logo de manhã, 
uma advertência daquelas. 
Imaginei como que alguém poderia dizer...
Vai ser o que de nós..
embora não ouvi de ninguém isso...
O que vai ser de nós...
Bem, 
a coisa não era 
tão trágica assim.
A boa vontade, o trabalho, 
já é um bom caminho para tudo. 
Por maior que fosse a minha decepção 
inicial e depois admiração 
aquela cidadezinha, acreditava 
que o mundo continuaria o mesmo, 
principalmente para mim.
Pensando bem, 
até que melhor para todos nós..estava por vir.
Teria novos motivos 

e que começaria a fazer...
na nova cidade.
Pulando no tempo e no espaço.
Quando Kennedy morreu estava em Iomere, 
junto com meu Pai 
num comercio que abrimos lá, 
a noticia era uma uma hecatombe...eu não acreditava que, 
Kennedy tinha sido morto, 
parecia que o Sol 
não nasceria no dia seguinte.
O que seria do menino comum 
que resistira aos tempos difíceis 
em Pinheiro Preto,
mas que suportaria viver 
sem as penúrias que tínhamos lá todos...
por algo novo em Iomerê.
O mais sábio era esperar 
pelo dia seguinte, 
ver se o Sol nascia mesmo...
contemplar as pessoas novas...
coisas da cidade...o padre,
o seminário..
o grupo Escolar
Frei Evaristo.
Eu ia lembrando isso me consolando 

na época, a gente tinha uma cidade..
uma casa, era a boa noticia, 
mas não ficaria mais pobre como
a pobreza de Pinheiro Preto 
e da Vila Bressan...
Mas o Sol já havia nascido 
lá para as bandas de Iomerê,
no dias seguintes prosaicamente, 
como fazia todos os dias.
Não havia motivo para alarme.
É bem verdade que certas coisas 
que acontecem no mundo volta e meia me inquietam.
Bem ou mal, íamos levando a vida, 
até que um dia achei 
que Iomerê era pequena demais 
e fui morar em Curitiba 
e descobri de cara, de novo, 
como a vida eh dura.
Antes, quando não sabíamos disso, 
tínhamos alguns problemas, 
mas dávamos a volta por cima.
Agora, o que vai ser de mim... 
Me perguntava de novo diante 
de novo desafio.
Eu sempre acendia uma vela 
e rezava nestas situações...
A hora certa de consertar 
o telhado é quando faz sol
e a vida continua....
foi um  longo caminho até aqui...
E QUE....
Não vamos tentar consertar 
o passado
vamos aceitar o presente...
pelo futuro..
e o futuro é cada dia..