A floração, nada 
poderia ser mais poética
Desde quando eu era criança,  
a primavera, 
em Pinheiro Preto,
 depois em Iomerê,   
correspondia  ao que me ensinavam, 
na escola, um despertar da natureza, 
depois  do gelado 
agosto, 
a floração. 
Só mais tarde  aprendi que, 
nestas cidades, 
quem procura as flores não deve 
olhar para baixo,  
para os canteiros e jardins, 
mas para o alto: 
são as árvores que se cobrem  
de amarelo,
de  rosa, de azul, 
de roxo, de vermelho. 
A primavera, em  Videira hoje é assim.
Sempre um novo despertar da natureza. 
Já é alguma coisa, 
embora um rabugento possa dizer 
que não há tantas árvores 
assim, 
e que nem todas acompanham 
a nova estação. 
Menino  certamente eu era feliz, 
e não tinha outras reclamações. 
 Em  Videira,
 a primavera 
 tem sido 
sinônimo de sol. 
Mas estes dias 
de outubro e de novembro...
já teve 
um calor brutal, vento e chuva, 
e 
tardes..longas. 
 Sol e chuva se alternam rapidamente, 
e em fotografia  
não poderia ser mais poético... 
ver pela janela,  passar um raio de sol, 
 e seu rosto se 
ilumina. 
 Mas, do mesmo modo que 
a chuva vem e vai..
 O observador tem 
e não tem razões 
para desconfiar do mundo. 
A realidade, a 
vida, a solidão, 
a sorte ou o azar 
o amor não cessam a cada dia 
de trazer novas 
lições..
 só não tá morto que peleia, 
então não se pode gabar-se 
de convicções definitivas, 
e, como é bom olhar na 
primavera, 
toda cor e cor,
 não perde quem levanta os olhos 
um pouco acima do chão. 

