De Cecília Meireles
Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença, morro, de indiferença...talvez rejeição.
Da indiferença deste mundo onde o que se sente e se pensa não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença num céu de loucura suspensa.
Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença, mas, só de indiferença...talvez rejeição.