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domingo, 19 de maio de 2024

Water in World


Os solos🌎🇧🇷em muitos lugares do mundo, se tornaram semelhantes ao concreto não são mais capazes de absorver e, portanto, reter a água que corre muito rapidamente para os rios e para o mar. Diante da falta de água, é preciso requalificar o território segundo os princípios da hidrologia regenerativa. Aprendemos que o ciclo da água era fechado, natural e independente das atividades humanas. Isto é falso, o ser humano sempre procurou transmiti-lo, canalizá-lo. Essas alterações estão relacionadas a três componentes que compõem a nossa pegada hídrica: água cinza para diluir os poluentes liberados, água azul de rios, aquíferos, etc, que tem sido perturbada pelas captações excessivas e pelo impacto dos desenvolvimentos hidráulicos na hidrologia natural dos cursos de água, e água verde contida nos solos e evapotranspirada pelas plantas para crescer, apropriada pelo desmatamento, agricultura intensiva, etc. A água verde e a água azul constituem dois dos sete limites planetários já ultrapassados. Quando a chuva cai, ela evapora, infiltra ou escorre da superfície. Com estas perturbações (agricultura intensiva, urbanização, artificialização dos solos , destruição das zonas húmidas), acelerámos o ciclo da água, os solos que se tornaram como betão já não são capazes de absorver e, portanto, reter a água, que flui muito rapidamente para os rios e para o mar.
As alterações climáticas estão a piorar estas perturbações.
Perturbámos o ciclo da água muito antes de perturbarmos o clima, mas as alterações climáticas irão acentuar estes efeitos. Quanto mais gases de efeito estufa emitimos, mais água evaporamos. Esses fluxos de vapor vão para a atmosfera e depois precipitam essa aceleração gera longos períodos sem precipitação e períodos de chuvas mais intensas e frequentes. Embora todos os nossos usos tenham sido adaptados aos recursos disponíveis, esta disponibilidade mudará ao longo do tempo e do espaço. Porém, chuvas de 50 mm por hora não terão tempo de infiltrar principalmente em solos mortos e impermeáveis ​ como chuvas de 5 a 6 mm por hora.
Existem soluções...sim
Hidrologia regenerativa.
A primeira, interromper a impermeabilização dos pisos para que a água volte a infiltrar. Este é o objetivo da lei de artificialização líquida zero, que deve ser aplicada pelos eleitos locais. Certamente questiona o modelo suburbano mas precisamos de políticas ambiciosas para densificar as cidades. Em solos já artificializados, podemos impermeabilizá-los criando “cidades-esponja”. A dificuldade é o acesso à terra. Hoje este tipo de projeto é realizado principalmente no domínio público. Devemos também conseguir mobilizar intervenientes privados, promotores ou grupos de proprietários.
A hidrologia regenerativa é a outra parte da solução, em terras agrícolas e florestais. O objetivo desta disciplina emergente é desacelerar o ciclo da água na escala da bacia hidrográfica. Isto envolve um planeamento territorial que retarda o escoamento utilizando soluções baseadas na natureza, tais como valas, pequenas trincheiras com vegetação perpendiculares à encosta para quebrá-lo e evitar que a água desça. Para além do relevo, aposta na vegetação: plantação de sebes que retêm água, desenvolvimento da agrossilvicultura. Isto é combinado com a agricultura regenerativa, que restaura solos degradados mais capazes de infiltrar e armazenar água no solo, dando-lhes novamente vida cobrindo o solo, aumentando o nível de matéria orgânica, recriando sistemas micorrízicos, etc. Com estas abordagens, podemos melhorar a resiliência às secas, à erosão do solo e às inundações. Ha uma a ligação entre as florestas e o ciclo da água
As florestas regularão a temperatura, captarão melhor a água e infiltrarão-na nas águas subterrâneas, elas também têm o poder de condensar e reciclar a chuva. Esta é a teoria da bomba biótica, que os hidrólogos começam a integrar: à escala global, dois terços da chuva continental provém da evapotranspiração das plantas, o resto dos oceanos. Quanto mais florestas diversificadas tivermos, mais elas captarão esses fluxos de vapor d'água e os reterão para que a água possa ser reciclada nos continentes.