Rebel: Imagens, palavras...a essência... a natureza

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Tropeiro Amigo

Onde andas meu velho amigo...
Andei lembrando de ti, dos tempos de nossas belas lidas, na convivência entre tempos bem distantes, que a fotografia expressa na entrada da fazenda, dos mais antigos tempos de tropeiro... 
Aquele tempo era mesmo um belo tempo...
Saudades..o cheiro da fumaça do palheiro...de fumo criolo, 
os churrascos em torno dos braseiros.. 
Onde andará... o velho tropeiro amigo. 
Há os que dariam algo a para ouvir o que os teus causos velho tropeiro, acompanhado do mate de erva de gosto bueno...
ou na encilha na humildade dos rancho olhando a coxilha...
Onde andará meu velho amigo tropeiro. Cavalgando na beleza natural das colinas verdejantes entrecortado apenas pelos cincerros e cascos dos animais da tropa, pelos sons dos bois. Onde andarás oh meu amigo peão.. será cantando uma canção lá nas tardes do galpão..depois da lidas campeiras...com seu Melo.
Quem tenha imaginação nos olhos que veja e nos ouvidos imagine ouvir. Onde a alma desses tantos anos, que cruzava comigo os campos do Horizonte avistando o infinito lá longe na linha do horizonte, muito além da porteira, no mundo das fazendas...Por onde andarás o antigo capataz..da lide com a boiada, montado sobre cavalo, da conversa dos homens, com os animais num fim de tarde, que hoje só é captado pela fotografia, na imagem, sem o sonoro e a oralidade, efêmera e sufocada pelo alarido de outros tempos, mas igualmente reveladora, do cotidiano do campo.
Acompanhando um fim de tarde no campo há sempre reações ambíguas do lembrar dos velhos tempos de convivência entre tempos atuais bem diverso da época.Mas só a fotografia expressa a entrada da fazenda agora no meu silêncio...mirando a moldura de um retrato..teu meu antigo tropeiro..dos causos antigos, campeiros de fato, quem sabe onde andam..esta saudade dos velhos tempos, presas dentro do peito
Querendo soltar lá na voz...no canto, num assovio..ou assobio.
Certo lá elas se acham..teus velhos causos
Guardadas dentro de nós....Se o tempo apaga lembranças de um corpo,ou de um rosto, este mesmo tempo não apaga lembranças da memória..da história...
Há pessoas que fizeram um pequeno instante,
ser, um grande momento. Disse isso...Lembrava, já tropeiro,a viagem, num cavalo tordilho...nos campos de Palmas...bebia água agachado,
na beira do rio roseira...Ali cheguei uma noite...
retirei do cavalo...a primeira parte da encilha...o buçal e freio,pelegos até barrigueira, baixeiro, laço,
peiteira enfim todos os arreios,restava o cabresto.De bota com espora e chapéu...puxei o cavalo,pra dar uns passos envolta na cabanha...
Era a fazenda Rozeira..
Olhava o horizonte..
O Sol, de presença suave...sobre as colinas...
no fim da tarde, acima só um capão,
pequeno agrupamento de mato no campo,
apenas um ser...junto aos peões,
via o avermelhado, se anunciava o partir,
lentamente, num céu rubro.
A claridade pouca...
Olhava o horizonte..
O Sol me encantava.Hoje..na tarde sempre há algo
que se traduz em cor... ao meu olhar...cores douradas.
Enquanto a luz também orienta os homens
para mudança, na escuridão da noite
aqui pequenos fragmentos do que passava ali galpão.
A intimidade da vida de tropeiro, despojado, via reaparecer, a noite,os peões, que caminhavam, na casa de paredes quase nuas, na estreita varanda, do chão batido, na casa de madeira da fazenda.
Os dias agora não são os mesmos,
mas continuam frios, talvez mais frios de sentimentos
e frio mesmo é hoje, só não se esquece o fogo que aquece, o gosto amargo do chimarrão, o mesmo gosto de outras épocas.
O chimarrão que mateava pensando em que faria
quando o dia começar...soltando a boiada na porteira.