"O Rio"de Manuel Bandeira
"Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite
Se há estrelas nos céus, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas".
Do poeta Jorge Luis Borges, o poema
"Nuvens (I)",:
"Não haverá uma só coisa que não seja/ uma nuvem.
São nuvens as catedrais/ de vasta pedra e bíblicos cristais/ que o tempo aplanará.
São nuvens a Odisséia/ que muda como o mar.
Algo há distinto/ cada vez que a abrimos.
O reflexo/ de tua cara já é outro no espelho/
e o dia é um duvidoso labirinto./ Somos os que se vão.
A numerosa/ nuvem que se desfaz no poente/ é nossa imagem.
Incessantemente/ a rosa se converte noutra rosa./ És nuvem, és mar, és olvido.
És também aquilo que perdeste".