Não há verdade inteiramente falsa
Nem mentira de todo verdadeira.
O rio leva, na espumelhada esteira
Tudo o que esterilmente me realça...
Prazeres, talento, a perfeição consciente...
O tipo físico distante dos outros,
E se eu deixar cair uma semente
No rio, os resultados serão neutros)...
Maravilha fatal de toda a verdade...
O homem que se interroga, e age por fora
E só regressa a casa se não piora...
No entanto, um bocado de saudade,
Uma maneira de um apego à hora
E uma reminiscência sem verdade.
19-7-1926
Fernando Pessoa", Acrílico sobre tela colada sobre platex por Saulo Silveira