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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Trees are sanctuaries

Árvores são santuários.

*Para mim, as árvores sempre foram as pregadoras mais penetrantes. Eu as reverencio quando vivem em tribos e famílias, em florestas e bosques. E ainda mais eu as reverencio quando estão sozinhas. Elas são como pessoas solitárias. Não como eremitas que se afastaram por alguma fraqueza, mas como grandes homens solitários, como Beethoven e Nietzsche. Em seus galhos mais altos o mundo sussurra, suas raízes repousam no infinito; mas elas não se perdem ali, elas lutam com toda a força de suas vidas por uma única coisa: para se realizarem de acordo com suas próprias leis, para construir sua própria forma, para se representarem. Nada é mais sagrado, nada é mais exemplar do que uma árvore bela e forte. Quando uma árvore é cortada e revela sua ferida mortal nua ao sol, pode-se ler toda a sua história no disco luminoso e inscrito de seu tronco: nos anéis de seus anos, suas cicatrizes, toda a luta, todo o sofrimento, toda a doença, toda a felicidade e prosperidade estão verdadeiramente escritas, os anos estreitos e os anos luxuosos, os ataques resistidos, as tempestades suportadas. E todo jovem fazendeiro sabe que a madeira mais dura e nobre tem os anéis mais estreitos, que no alto das montanhas e em perigo contínuo crescem as árvores mais indestrutíveis, as mais fortes, as ideais.
As árvores são santuários. Quem sabe falar com elas, quem sabe ouvi-las, pode aprender a verdade. Elas não pregam aprendizado e preceitos, elas pregam, sem se deixar abater por detalhes, a antiga lei da vida.
Uma árvore diz: Um núcleo está escondido em mim, uma centelha, um pensamento, eu sou vida da vida eterna. A tentativa e o risco que a mãe eterna assumiu comigo são únicos, únicos a forma e as veias da minha pele, único o menor jogo de folhas em meus galhos e a menor cicatriz em minha casca. Fui feito para formar e revelar o eterno em meu menor detalhe especial.
Uma árvore diz: Minha força é a confiança. Não sei nada sobre meus pais, não sei nada sobre os mil filhos que todos os anos brotam de mim. Vivo o segredo da minha semente até o fim e não me importo com mais nada. Confio que Deus está em mim. Confio que meu trabalho é sagrado. Dessa confiança eu vivo.
Quando somos atingidos e não podemos mais suportar nossas vidas, então uma árvore tem algo a nos dizer: Fique quieto! Fique quieto! Olhe para mim! A vida não é fácil, a vida não é difícil. Esses são pensamentos infantis. Deixe Deus falar dentro de você, e seus pensamentos ficarão em silêncio. Você está ansioso porque seu caminho se afasta da mãe e do lar. Mas cada passo e cada dia o levam de volta à mãe. O lar não é nem aqui nem ali. O lar está dentro de você, ou o lar não está em lugar nenhum.
Um desejo de vagar rasga meu coração quando ouço árvores farfalhando ao vento à noite. Se alguém as ouvir em silêncio por um longo tempo, esse desejo revela seu cerne, seu significado. Não é tanto uma questão de escapar do próprio sofrimento, embora possa parecer assim. É um desejo de casa, de uma lembrança da mãe, de novas metáforas para a vida. Ele leva para casa. Todo caminho leva para casa, cada passo é nascimento, cada passo é morte, cada túmulo é mãe.
Assim, a árvore farfalha à noite, quando ficamos inquietos diante de nossos próprios pensamentos infantis: as árvores têm pensamentos longos, respirações longas e repousantes, assim como têm vidas mais longas que as nossas. Elas são mais sábias do que nós, desde que não as ouçamos. Mas quando aprendemos a ouvir as árvores, então a brevidade, a rapidez e a pressa infantil de nossos pensamentos alcançam uma alegria incomparável. Quem aprendeu a ouvir as árvores não quer mais ser uma árvore. Ele não quer ser nada, exceto o que ele é. Isso é lar. Isso é felicidade.*Herman Hesse