Pier Paolo Pasolini, um dos cineastas, poetas e intelectuais mais influentes da Itália, visitou Nova Iorque em setembro de 1966 para assistir ao prestigiado Festival de Cinema de Nova Iorque. Este evento marcou um momento significativo na vida de Pasolini, já que ele estava exibindo dois de seus filmes mais importantes, Uccellacci e uccellini (1966) e La ricotta (1963), ambos os quais causaram controvérsia na Europa por sua audaciosa retrato das questões sociais.
Pasolini, um marxista e um católico, era conhecido por sua crítica à sociedade moderna. Sua análise da América contemporânea, especialmente durante seu encontro com a jornalista Oriana Fallaci, oferece uma reflexão aguda sobre a divisão cultural e política entre os Estados Unidos e a Europa. Em sua entrevista, Pasolini descreveu a si mesmo como um observador e um crítico da rápida industrialização e consumismo que ele viu na América. Sua visão sobre as transformações culturais dos anos 60 ressaltou suas profundas preocupações sobre os efeitos homogeneizantes da sociedade capitalista.
A imagem de Pasolini em Nova Iorque, capturada pelo fotógrafo Duilio Pallottelli, epitomiza o contraste entre sua aparência externa e a profundidade intelectual que ele possuía. Com uma roupa de estilo universitário, ele parecia jovem e atlético. No entanto, os seus olhos intensos e cansados transmitiam o complexo e trágico mundo interior de um homem profundamente envolvido com as correntes políticas e culturais do seu tempo.
Este encontro e a entrevista resultante, publicada na revista italiana L’Europeo em 13 de outubro de 1966, proporcionam um raro vislumbre da mente de Pasolini durante um momento crucial da sua carreira. A conversa também toca no seu desdém pelo consumismo americano e no profundo sentimento de alienação que ele sentiu como um intelectual europeu confrontado pelas realidades do Novo Mundo. A visita de Pasolini a Nova Iorque continua a ser um símbolo do confronto entre os valores tradicionais europeus e a modernidade ousada da América do pós-guerra.