Não há subida sem cansaço ou suor.
Não existe amor sem desencanto
ou alegria que não se acabe.
Não há ano, homem, família, trabalho
nem história perfeitos.
Defeitos existem em toda parte.
Até aí, nada de novo.
Todos sabem que tudo falha vez
ou outra: a máquina de lavar,
o celular, o computador, o sistema que fica fora do ar
ou um cano que vaza e molha onde não deveria molhar.
A sorte é que esse tipo de defeito pode ser solucionado
por uma assistência técnica especializada.
Mas quem nos conserta?
Que assistência é capaz de dar
um trato no esquema viciado
de um cotidiano que não dá mais para o gasto?
Que firma de dedetização pode limpar a área e arejar os cômodos para que comecemos um ano desinfetado? Pois é: quando há gente ou nós temos defeito, a coisa complica.
E, para piorar, por um capricho dos tempos,
parece que estamos cada vez
mais incapazes de tolerar,
suportar ou viver com defeitos,
sejam os nossos ou os alheios.
Por quê? Talvez seja culpa
de décadas de tecnologia descartável
que nos ensinaram a trocar peças obsoletas.
Sem notar, nos acostumamos
a substituir e comprar novos aparelhos
em vez de consertar
os que possuímos.
O problema é que não podemos
comprar outra consciência,
outro fígado ou outras
vontades para substitui
os que temos.
O jeito, então, é ir emendando.
Assim, não espere um
ano novo sem defeitos.
Mas torça para estar
em boa companhia.
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Rebel