Na Amazônia, o fogo sempre tem origem humana. A contribuição da natureza no ano passado foi a seca, que ajudou a espalhar o fogo🇧🇷
Na Amazônia, os incêndios ficaram fora de controle mesmo em meio a uma redução acentuada nas taxas de desmatamento, indicando que os desmatadores estão recorrendo ao fogo como uma nova técnica para limpar terras. Especialistas estão pedindo mais investimentos na prevenção de incêndios, já que a floresta tropical pode enfrentar outra temporada intensa de incêndios em 2025.
Os países da América do Sul registraram 511.575 focos de incêndio em 2024, o maior número desde 2010. O Brasil foi responsável por 54% deles, com incêndios atingindo principalmente a Floresta Amazônica, mas também o Pantanal, o Cerrado e o estado mais populoso do país, São Paulo. A fumaça se espalhou por 10 dos 26 estados impactando ou piorando a qualidade do ar e o tráfego aéreo🇧🇷.
Os incêndios assumiram uma dimensão de tragédia em 2024. É importante entender as causas bem o suficiente para garantir que isso não aconteça novamente este ano.
Os surtos foram alimentados por uma seca extrema que atingiu a Amazônia em 2023 e 2024. A precipitação no bioma começou a diminuir em 2023 devido ao El Niño, o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial. As duas intensas estações secas fizeram com que os níveis de água nos rios amazônicos caíssem para níveis recordes e criaram as condições perfeitas para queimadas. A paisagem ficou muito seca, com muitas folhas caídas acumulando material inflamável no chão, dito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia IPAM. O recorde de incêndios em 2024 ocorreu apesar de uma redução de 30% das taxas de desmatamento contrariando suposições anteriores de que os incêndios estão diretamente relacionados à destruição da floresta; historicamente, os desmatadores atearam fogo para queimar os restos de troncos e galhos antes do cultivo de pastagens.
A redução do desmatamento reduzirá as fontes de ignição. Mas há outras fontes de ignição, como a queima de pastagens”, disse Alencar, referindo-se aos fazendeiros que usam fogo para renovar pastagens.
Em condições extremamente secas, esses incêndios facilmente saem do controle e atingem propriedades vizinhas e bordas de florestas. “Na Amazônia, o fogo sempre tem origem humana. A contribuição da natureza no ano passado foi a seca, que ajudou a espalhar o fogo. O MapBiomas, rede colaborativa que mapeia o uso da terra, 55 % dos focos de incendio na Amazonia de janeiro a setembro de 2024 começaram em pastagens Outros 25%, no entanto, foram gerados em áreas florestais. Foi uma surpresa, segundo especialistas, já que a umidade da floresta tropical geralmente protege a floresta tropical do fogo. Isso é muito assustador. Em agosto de 2024, chefe do IBAMA, agência ambiental do Brasil, disse que o fogo estava sendo usado como uma nova ferramenta de desmatamento, substituindo as tradicionais motosserras e tratores. O desmatamento é caro. O fogo é muito mais barato. Você só compra um pouco de gasolina e espalha por aí.
Além de mais barato, o fogo é mais desafiador de ser detectado por imagens de satélite de agentes ambientais. Com a floresta cada vez mais seca e fragmentada, as chamas se espalham facilmente pela vegetação, facilitando o trabalho dos desmatadores. As pessoas estão usando o fogo como ferramenta de degradação, forçando o desmatamento progressivo.
Nos próximos meses, a parte norte da Amazônia, incluindo Venezuela, Colômbia e a Bacia do Rio Negro no Brasil, pode experimentar um aumento nas chuvas devido ao La Niña, o resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Isso não durará muito, no entanto, de acordo e não atingirá a parte sul da Amazônia brasileira, onde a maioria dos incêndios geralmente são detectados. Não temos nada a dizer que será um bom ano em termos de incêndios, pelo contrário. Essa previsão sombria significa que as administrações federal e local devem estar trabalhando agora mesmo para se preparar para a próxima temporada de incêndios, de acordo com Araújo do Observatório do Clima. Dinheiro tem que ser gasto em prevenção e combate a incêndios desde janeiro de 2025. Você não pode esperar o fogo chegar.