A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo,
Restam somente as casas,
Os bondes, os automóveis, as pessoas,
Os fios telegráficos estendidos.
No céu os anúncios luminosos.
A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo.
Restam somente os homens,
Pequeninos, apressados, egoístas e inúteis.
Resta a vida que é preciso viver.
Resta a volúpia que é preciso matar.
Resta a necessidade de poesia, que é preciso contentar.
Augusto Frederico Schmidt, "Vazio".