É um momento da história que conta. Não adianta me dizer que isso não é uma história, ou que não é a mesma história. Eu sei que talvez você não cumpriu tudo o que prometeu, você me ama, disse a mulher que me faz companhia, mas dormimos quase até o meio-dia e passamos o resto dos minutos da manhã comendo, a comida campeira do meu canto na casa da floresta que é soberba, eu não nego isso. Mas eu me preocupo com o futuro... Não fuja, não finja que você vai embora afinal algum dia, você sai na história e a história é implacável.
É quase primavera, minha decisão, hoje, na tarde, andar pela estrada de terra, admirando as encostas cheia de ervas daninhas como no ano passado, quando sai da estrada, e continuam ali os caules vistosos de Pinheiros imensos, alguns cantos de pássaros irrompem. Mergulho minhas pernas na terra, mas confesso que ando inquieto, sonho com reconciliações com aqueles que magoei, mas muitos são insuportáveis, mas me movo ainda trocando olhares pelos campos verdejantes, lembro das sementes de milho em meus dedos delicados, dos dias em que fiz caminhadas no verão passando pelo leito da estrada, admirando a vista, lembrando aqueles que magoei...mas parece que perdoar e esquecer não funciona sempre.
Já é quase primavera, estou procurando uma palavra, para que eu possa começar um texto novo, desta estrada que me leva para algum lugar lá embaixo, alguma inspiração vem, que levarei nessas palavras nunca longe demais de minha casa. Nós pensamos que aqui não temos problemas. Como podemos saber que não somos felizes.