do cérebro..da mente, onde a felicidade é um estado natural.
O russo Liev Tolstói escreveu que todas as famílias felizes se parecem entre si e que as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. Discordo. Experimente uma desgraça e dirá "desgraça". Ninguém normal tem a menor dificuldade para reconhecer coisa ruim quando chega, de tão semelhantes que são nossas tristezas. Mas normalmente suspiramos que éramos felizes e nem sabíamos. Um dos motivos, penso, é que felicidade lembra drops de doces, na infância, mentol baunilha, morango, uva, sortidos. A cada hora nos surpreende com um sabor e nunca é igual para cada um de nós. Mas, se Tolstói começou tão bem a história de sua Anna Karenina, estou aqui enrolando.
um filósofo qualquer, quer pegar emprestado o que o outro tem de sabichão para esconder sua limitação. A minha mente, neste instante procura definir felicidade,
já que ela é objetivo de existir..
Caminho seguro seria recorrer à neurociência, que tudo vê em exames pomposos de imagem do cérebro.
Os índices de estresse, depressão e ansiedade, desde então, aumentam 15% ao ano, de acordo, de novo, com a OMS. E hoje amargamos: somos o país mais ansioso ao redor da Terra e o quinto mais deprimido. O que deu em nossas cabeças? Hedy Kober assegura que uns 50% da nossa felicidade, porém, não estão nela, mas nos genes. Sim, existem genes que nos deixam mais propensos a encarar tudo com um sorriso, assim como há uma tendência escrita no DNA de uns e de outros à depressão. Fiquei matutando se isso explicaria a nossa vocação risonha. Mas não há genes, parece, que segurem a barra destes tempos… Que barra? Política, economia, violência, ladroagem, dia dos Namorados sem namorado,
nada disso teria forças para espantar nossa alegria, antes que pense que darei essa desculpa, que para a tal da neurociência é ligeiramente esfarrapada. Suas pesquisas mostram que só 10% da felicidade são determinados pelas circunstâncias. Restam 40%. Não sei se alivia, mas esses 40% são aquilo que fazemos intencionalmente. Ou seja, questão de escolher certo. Algumas atitudes acertadas já são bem reconhecidas por estudos. Então vou dar aqui a fórmula — ousadia maior do que a de contrariar Tolstói, talvez. Mas, enfim, uma delas é a atividade física. Fácil entender pela enxurrada de substâncias relacionadas ao bem-estar que o corpo em movimento derrama na massa cinzenta.
Então, se a vida anda sem graça, ande mais rápido do que ela. Ao pé da letra. Os pés nos tênis. Outro caminho fácil de seguir, se a gente afasta o argumento melancólico da falta de tempo: ficar mais ao lado de quem a gente de gosta pra valer. Feito remédio. Todos os dias. De caso pensado, com aquela consciência morna de que a pessoa querida está bem ali ao seu lado — na mesa do jantar, no carro, no cotidiano simples de que a vida é feita. A terceira atitude que mais traz felicidade é ficar próximo da natureza..
Outro caminho fácil de seguir, se a gente afasta o argumento melancólico da falta de tempo: ficar mais ao lado de quem a gente de gosta pra valer. Feito remédio. Todos os dias. De caso pensado, com aquela consciência morna de que a pessoa querida está bem ali ao seu lado — na mesa do jantar, no carro, no cotidiano simples de que a vida é feita. A terceira atitude que mais traz felicidade é ficar próximo da natureza. E é bem importante isso que estou contando: cada vez mais pesquisas apontam que olhar para um pouco de verde, uma ave rasgando o céu ou um inseto ziguezagueando no ar, quem sabe ouvindo barulho da água furando a pedra dura, mexe demais com as áreas acionadas do cérebro
Mas o interessantíssimo é o conceito de que a meditação teria o que os cientistas chamam de efeito dose-dependente. Hedy Korber e seus colegas realizaram uma pesquisa com gente que nunca tinha feito mindfulness. Todos passaram por um treinamento de três dias. Na experiência, o cérebro era vasculhado por exames de imagem durante a prática e, em determinado instante, os participantes recebiam um estímulo de calor. Sinceridade..
Era um toque quente no braço, ardente, quase queimando. Mas orientação era apenas aceitar a sensação, sem julgar se era boa ou ruim. O que as imagens cerebrais mostraram então: bastavam três dias para a sensação dolorosa ser menos percebida pela massa cinzenta.