domingo, 12 de novembro de 2023
In the summer of 1869
No verão de 1869, Tolstói tinha começado a se confrontar com a morte e a vida em termos filosóficos, por meio da leitura de Schopenhauer (1788/1860), pensador famoso por sua visão pessimista do mundo. Maiores filósofos do século XIX, Schopenhauer era estimado por figuras tão diversas como Nietzsche, Wittgenstein, Freud e Jung, mas também atraía mentes criativas pela beleza e simplicidade com que expunha seus pensamentos, pela maneira direta com que tratava dos problemas da vida real, em detrimento das abstrações, e também pelo fato de que em seu sistema filosófico a arte ocupava lugar de relevo. Schopenhauer foi um dos primeiros filósofos ocidentais a realizar um estudo sério da filosofia indiana, por traduções então recém-realizadas, a influência das ideias budistas em sua cosmovisão é evidente. Como no budismo, Schopenhauer identificava o sofrimento como algo atrelado às vontades ou desejos e considerava que a arte, juntamente com a resignação e a compaixão, era um dos poucos meios que o homem dispunha para experimentar uma liberdade temporária do sofrimento. As ideias Schopennhauerianas sobre a futilidade do esforço humano fizeram perfeito sentido para Tolstói, e o fervor do escritor russo por elas foi tão intenso que ele adquiriu um retrato do filósofo e o afixou na parede, estúdio/ escritório.