O primeiro passo para a mudança é não ignorar o que está acontecendo, com a crise climática como elemento central da grave crise socioambiental que atravessamos. As coisas estão piorando e nossas ações ainda são tímidas em relação ao cuidado do planeta. A crise climática global, a negação da mesma, por muitos e as consequências já sentidas pelo seu agravamento. Antes de ações, há a necessidade de encarar esse fato enquanto uma realidade. Por que a resistência e confusão atrapalham na organização e realização de ações que minimizem os danos desta crise?
A negação de realidades como o aquecimento global tem sido uma estratégia de domínio daqueles que mais concentram as riquezas do planeta. É um tipo de cegueira causada pelo estilo de existência que coloca o lucro acima da vida. Nesse sentido “a lógica do máximo lucro ao menor custo, disfarçada de racionalidade, progresso e promessas ilusórias, torna impossível qualquer preocupação sincera com a casa comum ou a mãe natureza, e qualquer cuidado pela promoção dos descartados da sociedade. O primeiro passo para a mudança é não ignorar o que está acontecendo. Não há como continuar negando o aumento de tragédias por conta do aquecimento, porque está por todo lado “o desequilíbrio global causado pelo aquecimento do planeta. Todos os anos, acompanhamos os dramas das enchentes, das secas, do calor ou das temperaturas muito baixas. Um clima propício é fundamental para nossa sobrevivência.
Que seja repensada a utilização do poder e os aspectos contraditórios da tecnologia. Se, por um lado, é um dom de Deus, produto maravilhoso da criatividade humana, por outro lado, ela se torna um perigo quando orientada por um desejo de poder ilimitado. Desse modo, o paradigma tecnocrata é aquele que não leva em conta o limite dos recursos, ao colocar no centro o ímpeto da ganância. Esse domínio da técnica está concentrado nas mãos de poucos poderosos. É um paradigma que cega e está cada vez mais forte; que age em nome de um progresso que está se voltando contra nós porque ele satisfaz apenas uma pequena minoria da população mundial. Entendo que um dos trechos mais dramáticos e realistas da exortação seja precisamente este: “nos últimos anos, pudemos confirmar este diagnóstico, assistindo simultaneamente a um novo avanço de tal paradigma. A inteligência artificial e os recentes progressos tecnológicos baseiam-se na ideia dum ser humano sem limites, cujas capacidades e possibilidades se poderiam alargar ao infinito graças à tecnologia. Assim, o paradigma tecnocrático alimenta-se monstruosamente de si próprio. Ou seja, o que poderia estar a nosso favor, tem se tornado um monstro responsável pela degradação da vida humana e de nossa casa comum.
As crises globais podem ser oportunidades para a introdução de mudanças necessárias. Ninguém pode ficar de fora quando o assunto é proteger o planeta terra e nossa vida que nele está habitada. É somente nesse sentido que vejo a crise como possibilidade de mudança. Ou seja, se ela nos convencer de que é preciso construir uma outra civilização, pautada na fraternidade e na defesa da biodiversidade. Preocupa o fato de a gente ver a narrativa de “um capitalismo verde” dominar os debates. Ou seja, pelo visto os grandes empreendimentos como extrativismo minerário, transição energética, agronegócio continuarão defendendo o paradigma tecnocrata. E a exploração continuará. No meu ponto de vista, é precisamente aí que está o equívoco. Essas organizações não escutam os gritos da terra e dos mais pobres. Estão interessadas em manter a produção que visa o lucro.
A ingratidão alimenta a ganância, gera violência e tira a paz.
Sem árvores, sem montanhas, neblinas ou chuva, o sol não pode criar sua própria magia.