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sexta-feira, 26 de julho de 2024

The letter by Paul Valery


Os livros têm os mesmos inimigos que o homem, o fogo, a umidade, os bichos, o tempo e o seu próprio conteúdo.
Os pensamentos, as emoções nuas são tão vulneráveis quanto os homens nus. É preciso, pois, vesti-los. O pensamento tem ambos os sexos, fecunda-se e basta-se a si mesmo.
Um poema deve ser uma festa do Intelecto. Não pode ser outra coisa.
Festa: é um jogo, mas solene, mas regulamentado, mas significativo, imagem do que não somos normalmente, do estado em que os esforços são ritmos, resgatados.
Celebramos uma coisa realizando-a ou representando-a no seu estado mais puro e belo.
Aqui, a faculdade da linguagem e o “seu fenómeno inverso”, a compreensão, a identidade das coisas que ela separa. Excluimos as suas misérias, as fraquezas, o quotidiano. “Organizamos“ toda a “possibilidade“ de linguagem.
Terminada a festa, nada deve permanecer. Cinzas, grinaldas pisadas.
A maioria dos homens tem uma ideia tão vazia da poesia que esse mesmo vazio da sua ideia é, para eles, a definição da poesia.
PAUL VALÉRY (30 de Outubro de 1871/20 de Julho de 1945), escritor, poeta e filósofo francês. Excertos, que traduzimos, do capítulo “Littérature”, de “Tel Quel”, v. 1, livro de pensamentos, fragmentos e aforismos, publicado em 1941 e incluído nas “Oeuvres” (Pléiade), tome II, 1960.
Paul Valéry, à sua secretária.