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terça-feira, 23 de julho de 2024

Why we’re so bad at spotting lies



Por que nós somos tão ruins em perceber mentiras. Geoff Beattie, o autor da pesquisa sugere que nossa habilidade é apenas um pouco melhor que o acaso. Além disso, nossas tentativas de perceber enganações estão cheias de preconceitos e vieses de confirmação.Você não precisa estar no meio de uma campanha eleitoral para se preocupar com sua capacidade de perceber uma mentira. Uma pesquisa em psicologia sugere que pessoas mentem pelo menos uma vez ao dia.
Uma revisão de 2006 de 206 artigos constatou que nós somos apenas um pouco melhores que o acaso em adivinhar se algo é uma mentira ou não, temos uma taxa de 54% de acertos, para ser exato. Algumas mentiras são ditas para fazer os outros se sentirem melhor. Eu não me importaria se alguém quisesse me dizer: “você é um psicólogo brilhante”. No entanto, a maioria delas servem para beneficiar a pessoa que a diz. Nós aprendemos a mentir ainda jovens, normalmente entre os dois e três anos. Mentir com mais sucesso na infância leva um pouco mais de tempo e requer uma habilidade mais desenvolvida de entender os estados mentais dos outros..Você também precisa de uma boa memória para ser convincente, para que possa se lembrar da mentira. Crianças mais inteligentes parecem mentir mais frequentemente e por motivos mais egoístas.
Na vida adulta nós estamos, ao que parece, bem treinados.
Não há sinais que revelam mentiras por si só, mas pode haver indicadores de emoções negativas (ansiedade, culpa, vergonha, tristeza, medo de ser pego) associadas ao ato de contar uma mentira, até mesmo quando o mentiroso está tentando ocultá-las. Às vezes se manifestam por microexpressões, expressões faciais breves, que duram uma fração de segundo, ou expressões dissimuladas, em que o mentiroso cobre a emoção com uma máscara, geralmente um sorriso falso.Você consegue perceber que um sorriso é falso porque ele não envolve os músculos ao redor dos olhos e some do rosto rapidamente. Sorrisos genuínos demoram mais a desaparecer.
Mas a questão sobre os possíveis indicadores não verbais de fraude é que a maioria de nós precisaria que o comportamento fosse repetido em câmera lenta para percebê-lo.
Encarando a verdade
E quanto a evitar o contato visual, comportamento considerado globalmente como uma pista de enganação.. Minha mãe sempre dizia que ela podia perceber quando eu estava mentindo porque eu não conseguia olhar nos olhos dela. Ela costumava se aproximar e perguntar o que eu tinha feito na noite anterior.
O contato visual não é um indicador útil de enganação. Ele é afetado por nossa atividade cognitiva mesmo quando nós estamos dizendo a verdade. Quando estamos planejando nossa fala ou acessando nossa memória, por exemplo.
Além disso, todos nós sabemos que é isso que as pessoas procuram. E mentirosos podem controlar esse comportamento. Bons mentirosos conseguem manter contato visual quando mentem, ao planejar a mentira com antecedência e construí-la a partir de fragmentos da verdade e situações reais.
O contato visual é também afetado pela distância interpessoal. É difícil manter contato visual quando alguém está sentado muito próximo e olhando fixamente para você (como minha mãe). Isso é chamado de modelo de equilíbrio de intimidade.
Certos comportamentos sinalizam intimidade, como distância, contato visual e tópico de conversa. Se a distância interpessoal muda, nós equilibramos a situação moderando inconscientemente os outros. Então, quando minha mãe se movia para perto a fim de me interrogar, eu olhava para longe, e assim ela conseguia a evidência que estava procurando.
Esse é um tipo de viés de confirmação. Não se trata apenas de procurar evidências para confirmar suas hipóteses, você inconscientemente influencia o próprio comportamento que está procurando.
Isso não se aplica apenas à minha mãe. Um estudo de 1978 sugeriu que policiais em interrogatórios se moviam para mais perto dos suspeitos que pensavam serem culpados. O suspeito olhava para longe, e… pronto, era o culpado, como eles pensavam! Quem está observando não percebe a distância alterada.
E o viés de confirmação não se dá apenas pela disposição das cadeiras. Fazemos julgamentos instantâneos e inconscientes sobre a confiabilidade no rosto de alguém rapidamente na vida cotidiana (em cerca de um décimo de segundo). Uma vez que decidimos que aquela pessoa parece confiável, nós nos permitimos inconscientemente procurar menos pistas de enganação. A detecção de mentiras é repleta de preconceitos, e bons mentirosos sabem como explorá-los e sabem o que nós estamos procurando, e é isso que eles controlam. Um bom contato visual, um sorriso mascarado, um discurso bem preparado com poucas hesitações. Eles podem também convencer a si mesmos da verdade essencial dentro da mentira. Autoengano reduz qualquer resposta emocional.
No livro, “Lies, Lying and Liars: A Psychological Analysis” (“Mentiras, mentir e mentirosos: Uma análise psicológica”, em tradução livre, ele estudou muitos mentirosos especialistas e como eles usam nossa intuição contra nós. Por exemplo, ao julgar uma mentira, nós precisamos de uma base do comportamento do outro para detectar desvios. O objetivo dos mentirosos é interferir nisso. Um dos meus informantes disse que, quando foi detido por policiais (com algo a esconder), fingiu estar muito zangado e um pouco instável a fim de desviar eles do rumo de detectar suas mentiras.
E há ainda a personalidade. Não adianta procurar microexpressões de culpa, vergonha, tristeza ou medo quando não é assim que a pessoa sente por dentro. Algumas pessoas gostam de mentir. É empolgante, elas não se importam com as consequências. Qualquer microexpressão nesses casos terá teor positivo.
Não é de se admirar que os mentirosos especialistas se sintam encorajados.
Geoff Beattie é professor de psicologia da Edge Hill University, na Inglaterra.