A feiúra é superior à beleza, porque dura para sempre. O autor dessa frase, Serge Gainsbourg, era feio e franzino, narigudo e orelhudo, tinha olheiras e dentes podres.
Além disso, vivia bêbado, fumava sem parar e consumia drogas em volumes industriais. Tinha, por assim dizer, o gosto da sarjeta. Mesmo assim foi um dos maiores sedutores de seu tempo, basta citar, entre as mulheres que se renderam ao seu encanto e charme, Brigitte Bardot, Catherine Deneuve, Juliette Gréco e Jane Birkin. Gainsbourg também colecionava escâncalos e foi preso diversas vezes.
O maior sucesso de Gainsbourg, a canção-orgasmo ‘Je t’aime, moi non plus’, foi escrita originalmente para Brigitte Bardot, no final dos anos 60, mas a atriz se recusoua gravá-la por conta do conteúdo sexual – a melodia é pontuada por gemidos de prazer explícito. A versão de 1974, um dueto Gainsbourg/Birkin, foi censurada no Brasil, na Inglaterra, na Espanha e em Portugal e condenada pelo Vaticano. É uma música cafona e canalha, com vocação para trilha sonora de romance de motel, mas virou cult para mais de uma geração. A casa onde Gainsbourg morou no bairro de Saint-Germain-des-Prés, com as paredes cobertas de poemas rabiscados, é até hoje um ponto turístico.
Serge Gainsbourg, morreu de ataque cardíaco em 1991, após uma vida de excessos em tempo integral. O mito continua vivo, servindo de consolo e inspiração para os feios e charmosos.