Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços. Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio com a humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo. É esse Nietzsche que amo...
Milan Kundera, in: A Insustentável Leveza do Ser.
Foto 1899. Nietzsche.
Loucura? Para mim é o maior ato de humanidade que alguém pode ter! Eu acho um absurdo que as pessoas usem e explorem os animais como se não fossem nada! Como se suas vidas não importassem!
Lindo trecho do livro. E pena que abraçar o cavalo e chorar, seja considerado um divorcio da humanidade e sintoma de loucura.
Eu poderia chorar mas penso que o mais normal em mim, seria criar um alter ego com o homem. Nos dias de hoje, discutiria com o agressor para que parasse e apresentava queixa na policia, o que não é sintoma de loucura mas de compaixão e respeito pelos animais.
Até o conceito de loucura é resultado da História.Li o livro A insustentável leveza do ser do escritor Milan Kundera fiquei fascinada com a leitura . Quando ao fato de abraçar e chorar pelo cavalo foi um ato de amor e extrema sensibilidade. Agora, quanto ao facto de taxar a humanidade de brutal e insensível ao ponto de se divorciar dela é um tanto exagerada na concepção de alguns leitores, pois no mundo, apesar da falta de amor, da criminalidade, ainda existe muita gente boa.