Um homem,
Uma mulher,
um espetáculo,
um prazer bom,
um quarto,
um ambiente
não muito escuro,
um abajur lilás no fundo
corpos iluminados,
espelhos, luzes, no teto,
e paredes...
som eletrônico,
Calma.
Motel...sim.
Hotel...não.
Nenhum grito súbito,
O sexo é bom,
idem o clima,
estamos dentro
um do outro,
dentro de um quarto,
espelhos refletidos,
como grandes fotos,
de corpos nus,
iluminados...
Cada imagem mostra,
movimentos, corpos,
juntos juntos
ou distantes,
corpos de um homem,
e de uma mulher.
Seriam, talvez, uma dúzia de retratos, nos diferentes espelhos, mas nem todos com o mesmo tipo de ângulo e de luz.
Na verdade,
detalhes de corpos..
pés, canelas, coxas, nádegas, panturrilhas, troncos, ombros, bem de perto
e um pouco distorcidos.
O olhar passa como
fosse de foto em foto,
aos poucos a diferença,
e a semelhança
entre cada cena,
em cada espelho.
Aí acontece o clímax.
Os olhos os ouvidos,
percebem, sem que o cérebro, se dê conta
inteiramente,
devagar algo muda
naquela parede.
Uma imagem, não a que
estávamos olhando,
Tudo, em seguida,
imobiliza-se.
Porque um movimento
desaparece do nada,
sem aviso..
Acontecendo,
o possível perceber,
que tudo no ambiente,
a escuridão,
o som eletrônico,
uma suspense,
a exaustão.
O encantamento visual
dessas imagens ritmadas,
não precisa de
palavras para ser fruído.
O ponto culminante
de uma história,
que começou a ser
contada bem antes...
no primeiro olhar,
o encontro dos lábios rubros..
Para o amor, dois seres especialmente se degustam, no olhar,
a beleza corporal.
O homem,
A mulher
se juntando..
se estendendo
se encaixando,
uma luxuosa dança
um balé de corpos nús,
em variações...
múltiplas.
A nudez surge em cores,
o azul,
como num quadro de El Greco.
Outras vezes,
dourada,
ou um negro de Goya
juntando-se.
Uma parede inteira
ocupada por corpos
miniaturizadas,
quase silhuetas aredondadas,
reluzindo como o ouro de Rembrandt,
camadas de púrpura
sensações de vertigem.
Juntos ou separados,
os corpos nunca que nunca se afastam muito.
Espremem-se,
encaixam num espaço íntimo mínimo..lado a lado, frente a frente..
costa a costa,
se fundindo ou
se afastando,
olhares se cruzam.
Podem mover-se,
podem ser vistos como voos
ou em plena dança,
com os cabelo,
as mãos, os rostos
como numa névoa;
gestos se convergem,
se expressam
em intenções
e sensualidade
e muita eroticidade...
união e separação.
Numa absoluta
condição de fusão ou
no puro despojamento
lado a lado...
fronte frente..
Quanto mais o tempo passa, nus, mais capazes de se ver excitados.
A sequência num quase romance, em que a vida de um casal flui,
prossegue às cegas,
na escuridão,
num clima de amor
e paixão que não é o do conflito, sim do entendimento,
da coexistência
num ambiente mimetizando
algo tão puro e íntimo,
em paredes,
Imagens
a nudez aparece
e
desaparece,
corpos,
o homem, a mulher
se percebem.
Cobre-os um lençol
seda branca,
uma pátina cremosa
de tecido,
uma nuvem luz,
transparece
em lençóis hialinos.
Adivinhamos,
mais do que vemos,
dois rostos que se unem
cada vez se tocam,
como fossem
a primeira vez..
felizes...
encantados..
tesudos...
"os corpos se entendem",
mas se "as almas, não".
Há o prazer mútuo.
Um excesso de energias
e há o amor carnal
dissipam energias
nos prazeres,
nos corpos.
A valorização da nudez..
na excitação..
A aposta correta,
o prazer uma coisa tanto necessária
como vida, mais natural,
outras vezes transgressora,
menos reprimida,
mais exposta.
A nudez acima de
tudo é excitação..
prevalece
a comunicação,
a interação, a simbiose
a união dos corpos..
o prazer..
liberados de cada um.
A intimidade,
um espaço corpóreo
única na meia luz ou na escuridão, tudo cessa,
no recolhimento
do prazer e no silêncio.