Rebel: Imagens, palavras...a essência... a natureza

Rebel

LOOKING IN WINDOW


R.E.B.E.L - Most View- - Week- Top Ten

domingo, 13 de outubro de 2024

Human existence II

A existência humana pode não ser tão simples ao que pensamos. Se há predestinação, há o mistério insondável da vida. Demônios e deuses competem por nossa lealdade. Somos criados, independentes, sozinhos e frágeis, uma espécie biológica adaptada para viver em um mundo biológico. O que conta para a sobrevivência a longo prazo é a compreensão inteligente, baseada em uma maior independência de pensamento do que a tolerada hoje, mesmo em nossas sociedades mais avançadas. A existência humana é como uma dança constante entre o ser e o estar, entre a permanência ilusória e a fluidez inevitável. Quase nunca somos, quase sempre estamos, e nessa transição reside a essência de nossa fragilidade. Muitos não percebem a sutileza dessa diferença, não compreendem que a vida é um encadeamento de estados efêmeros, cada qual se desdobrando sobre o anterior, sem nunca alcançar uma forma definitiva. Somente a morte, com sua sombra inexorável, é capaz de cristalizar o ser em uma unidade final, um ponto fixo no vasto fluxo da existência.

Ser, no entanto, exige uma competência que escapa aos limites da condição humana. Há uma profundidade inatingível no ato de ser que nos coloca frente ao abismo daquilo que não podemos alcançar. Estar é simples, passageiro, um reflexo do instante. Ser, por outro lado, requer uma transcendência, uma elevação além da temporalidade e da mutabilidade que marcam nossa existência. O ser humano, ainda prisioneiro de suas imperfeições, não evoluiu a ponto de abraçar essa plenitude. Somos, assim, peregrinos do estar, tateando o caminho incerto da vida, conscientes de que o ser, essa forma plena e imutável, permanece um ideal distante, reservado para além dos confins de nosso tempo. Nesse movimento, somos convidados a contemplar nossa transitoriedade, e entender que a existência é um devir perpétuo, uma sucessão de momentos que jamais se fixam em uma identidade única. E talvez, no reconhecimento de nossa incapacidade de ser, encontremos uma sabedoria maior: a aceitação de que a vida, em sua constante mutação, nos ensina a abraçar o mistério da impermanência, o sublime daquilo que está, mas nunca será inteiramente.