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domingo, 3 de janeiro de 2016

O que ia ser de nós


Eu estava sentado agora revendo 
velhas fotos. 
A sala vazia ainda, 
no PC,
voltei a 1963 
vendo a imagem de Kennedy à minha frente, 
cabeça baixa, 
olhos perplexos 
me lembrei quando nós mudamos da cidade, 
de Pinheiro Preto
para morar em Iomerê 
em 13 de agosto de 1963.
Ele marcou muito a mim até morrer 
em 22 de novembro de 1963, 
uma sexta-feira, em Dallas 
com duas balas, 
uma na garganta e outra na cabeça.
"O que vai ser de nós?"....
eu levei um susto...
quando chegamos num caminhão a cidade...
meus irmãos minha mãe...
Tudo estava nos eixos, 
boas casas, 
a crise era a nossa também,
ameaçando nossas vidas, 
quando chegamos na nova casa.
Tempos sombrios aqueles..
este  é o banco da estação 
de trem de Tangará onde nasci.
Tudo nem foi tão mau assim..
o deles, nem o meu,
meus pais e irmãos. 
Mas que diabo, 
logo de manhã, 
uma advertência mental daquelas.
Imaginei que alguém poderia dizer...
"Vai ser o que de nós?", 
embora não ouvi de ninguém isso... 
O que vai ser de nós?". 
Bem, a coisa não era tão trágica assim. 
Por maior que fosse a minha decepção inicial 
e depois admiração aquela cidadezinha, 
acreditava que o mundo continuaria o mesmo, principalmente para mim. 
Pensando bem, até que o melhor estava por vir...
para todos nós.
Teria novos motivos e que começaria a fazer...
na nova cidade que moraria por 09 anos.
Pulando no tempo e no espaço. 
Quando Kennedy morreu estava em Iomere, 
junto com meu Pai num comercio que abrimos lá, 
a noticia era uma uma hecatombe...
eu não acreditava que, Kennedy tinha sido morto, 
parecia que o Sol não nasceria no dia seguinte. 
O que seria do menino comum que resistira aos tempos difíceis em Pinheiro Preto, 
mas que suportaria viver sem as penúrias que tínhamos lá todos...
por algo novo em Iomerê.
O mais sábio era esperar pelo dias seguintes, 
ver se o Sol nasceria mesmo...
Mas pessoas novas...
Novas coisas na cidade...
Os padres no seminário..
As freiras do Juvenato.
O grupo escolar Frei Evaristo.
Eu ia lembrando isso..
me consolando na época, 
a gente tinha uma má noticia,
no rádio,
mas não ficaria mais pobre, 
já sem a pobreza de Pinheiro Preto 
e da Vila Bressan, 
mas o Sol já havia nascido lá 
para as bandas de Iomerê, 
no dias seguintes prosaicamente, 
como fazia todos os dias. 
Não havia motivo mais para alarme.
É bem verdade que certas coisas 
que acontecem no mundo volta 
e meia volta me inquietam. 
Bem ou mal, íamos levando a vida, até que um dia achei que Iomerê era pequena demais e fui morar em Curitiba e descobri de cara de nova como a vida eh dura. 
Antes, quando não sabíamos disso, 
tínhamos alguns problemas, 
mas dávamos a volta por cima. 
Agora, o que vai ser de mim? 
sempre me perguntava diante de um novo..
ou diante de novo desafio. 
Foi assim em São Paulo,
Pelotas,
Porto Alegre,
e na volta em
Iomerê...
Eu sempre acendia uma 
vela na hora mais escura 
e rezava nestas situações.
Continuo.