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sábado, 11 de janeiro de 2025

O que ia ser de nós

Eu estava sentado agora revendo velhas fotos.
A sala vazia ainda,
no notebook, voltei a 1963.

Vendo a imagem de Kennedy à minha frente,
cabeça baixa,
olhos perplexos
me lembrei quando nós mudamos da cidade,
de Pinheiro Preto
para morar em Iomerê
em 13 de agosto de 1963.
Ele marcou muito a mim até morrer
em 22 de novembro de 1963,
uma sexta-feira, em Dallas
com duas balas,
uma na garganta e outra na cabeça.
"O que vai ser de nós?"....
eu levei um susto...
quando chegamos num caminhão a cidade...
meus irmãos minha mãe...
Tudo estava nos eixos,
boas casas,
a crise era a nossa também,
ameaçando nossas vidas,
quando chegamos na nova casa.
Tempos sombrios aqueles..
este é o banco da estação
de trem de Tangará onde nasci.

Tudo nem foi tão mau assim..
o deles, nem o meu,
meus pais e irmãos.
Mas que diabo,
logo de manhã,
uma advertência mental daquelas.
Imaginei que alguém poderia dizer...
"Vai ser o que de nós?",
embora não ouvi de ninguém isso...
O que vai ser de nós?". 
Bem, a coisa não era tão trágica assim. 
Por maior que fosse a minha decepção inicial 
e depois admiração aquela cidadezinha, 
acreditava que o mundo continuaria o mesmo, principalmente para mim. 
Pensando bem, até que o melhor estava por vir...
para todos nós.
Teria novos motivos e que começaria a fazer...
na nova cidade que moraria por 09 anos.
Pulando no tempo e no espaço. 
Quando Kennedy morreu estava em Iomere, 
junto com meu Pai num comercio que abrimos lá, 
a noticia era uma uma hecatombe...
eu não acreditava que, Kennedy tinha sido morto, 
parecia que o Sol não nasceria no dia seguinte. 
O que seria do menino comum que resistira aos tempos difíceis em Pinheiro Preto, 
mas que suportaria viver sem as penúrias que tínhamos lá todos...
por algo novo em Iomerê.
O mais sábio era esperar pelo dias seguintes, 
ver se o Sol nasceria mesmo...
Mas pessoas novas...
Novas coisas na cidade...
Os padres no seminário..
As freiras do Juvenato.
O grupo escolar Frei Evaristo.
Eu ia lembrando isso..
me consolando na época, 
a gente tinha uma má noticia,
no rádio,
mas não ficaria mais pobre, 
já sem a pobreza de Pinheiro Preto 
e da Vila Bressan, 
mas o Sol já havia nascido lá 
para as bandas de Iomerê, 
no dias seguintes prosaicamente, 
como fazia todos os dias. 
Não havia motivo mais para alarme.
É bem verdade que certas coisas 
que acontecem no mundo volta 
e meia volta me inquietam. 
Bem ou mal, íamos levando a vida, até que um dia achei que Iomerê era pequena demais e fui morar em Curitiba e descobri de cara de nova como a vida eh dura. 
Antes, quando não sabíamos disso, 
tínhamos alguns problemas, 
mas dávamos a volta por cima. 
Agora, o que vai ser de mim? 
sempre me perguntava diante de um novo..
ou diante de novo desafio. 
Foi assim em São Paulo,
Pelotas,
Porto Alegre,
e na volta em
Iomerê...
Eu sempre acendia uma 
vela na hora mais escura 
e rezava nestas situações.
Continuo.