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terça-feira, 30 de abril de 2024

Leather Jacket

....
Nunca deveríamos perder
minutos preciosos
da vida pensando 
em pessoas que a gente 
não gosta...
Tudo na vida é
importante e cada momento tão precioso.
Meu blusão de couro,
não está ai..nem o jeans, só o óculos ray-ban é o mesmo dos tempos de Pelotas.
Eu mudei mas continuo 
o mesmo, cara legal.
...
Sou este cara,
Médico que chega aos 60.
Assim é a vida,  
nunca teremos 
reconhecimento
algum, fora do dinheiro 
que temos ou podemos 
ter.
Dinheiro 
é importante 
dentro da lógica 
e anseio 
capitalista, 
da 
vida ordinária,
do ter, mas nada é 
tão importante 
quanto ser... 
Ser alguém cheio
de afeto e
a espiritualidade...
...
O passado, vem ás vezes 
à mente, mas não é tudo,
que penso...mas o passado
é algo que sinto ás vezes, 
agitando a mente, assim
sinto, escrevendo tudo isso,
sinto que faltou algo,
no tempo 
que passou,
eis, nossa imperfeição.
Se há algo que melhor
nos faz humanos
é a dita imperfeição.
Como 
um sonho
presente, ou um velho sonho ou sonho
antigo, vejo todas coisas
que não fiz e outras
que já fiz,
que se tornaram
velhas.
Mas a história continua..
Um dia após 
o outro, ando cercado 
de passados
e realidades tão
próximas.
Meu computador...
ao som de 
Belchior, toca.. 
Tudo outra vez..
Fecho os olhos, lembro
o tempo que se foi,
tudo é meio perda
de tempo.
Voltar ao passado,
é ser nostálgico ou
saudosista,
mas...
Sentir,
criar,
pensar, 
em algo não poderia
ser  diferente, sem levar em conta coisas que existem só

no passado e nada
está perdido.
A poesia..
A canção..
fazem parte 
do momento.
A alma tem a ver como
uma canção repetitiva
.
O tempo se impõe,
na distância de tudo.
O amor que se foi
meus avós, minha infância,
num lugar que vivi.
Talvez só por pensar,
já há algum tipo
de afeto..
isso, emoção intensa,
seja por assim dizendo,
algo melhor, 

mesmo longe...
Num mundo,
de pessoas com sentimentos fluídos
excessivamente,
presas ao cotidiano
e por isso, onde
só sobrevivem coisas
do dia a dia...
e o novo logo 
vence o velho
e o novo 
fica velho
e logo descartado,
são tudo emoções tão passageiras.
Em meio a isso,
tenho o cuidado
de não tornar-me
um refém das
vivências passadas...
e nem um ressentido.
Muita coisa na
vida da gente é vaidade,
mas não é tudo,
digo,
"nem tudo é vaidade".
Neste instante,
experimentei,
a sensação
de voltar na
Vila Bressan,
em que vivi ali, já não
vendo lugares cheios 
de árvores,  apenas
o rio poluído. 
O trem se foi
como quem diz pra si, 
em sua mente,
aqui foram 
dias felizes
da minha vida.
Lugares que
remetem a momentos
passados 
há 50 anos atrás, numa
rápida emoção, que
vem aos olhos, 
no passado feliz
que não existirá mais.
Essa catarse de
relembrar,
belos momentos,
instantes lindos da minha vida,  
afeta muito
o presente, 
apenas sou
daqueles que
valorizam
antepassados.
Há poucos dias,
uma amiga 
disse-me
que considera
uma mentira
a ideia de que
sempre amamos
nossos pais 
e familiares.
Concordo com ela.
Acho que talvez
possamos mesmo,
não sofrer tanto,
imaginar a vida assim,
ao imaginar que nem
sempre nossos familiares
são  escolhas afetivas
nossas, significa dizer
que nem sempre 
amamos todos eles.
Tudo mais parece
essas idealizações
que alimenta o mito
de que a família é  algo
que nos é tão precioso embora imposta,
de quem
a gente ama sempre e
será sempre fiel.
Nem sempre há
solidariedade 
e amor
ou algo assim,
que retroalimenta a vida
de seus membros.
Ao contrário,
acho que, às vezes,
pode ser mortal
para seus
membros
porque mesmo o amor,
às vezes, não é presente
e há ódio e rancor 
em cada coração
que aniquila uma família.
Admitir isso que
não rola amor sempre, é um  fim deste mito.
Tenho alguns amigos,
mas não muitos,
é claro que 
pensam assim..
A generosidade e a decência, nem
sempre é algo presente
na família.
Sou um 
cara meio
chato
e de prazeres
solitários, por isso,
me esforço
em relembrar,
mas confesso que 
admirei
muito meu
avôs Silvio
e
Catarina Dalmolin.
Pensar
que eram
além 
dos outros,
pela amizade
sincera e
sua generosidade é
quase tê-los  
sempre presente
ao meu redor.
Tudo de bom
que
aconteceu
louvo mas quando
as coisas vão mal
me faz supor que,
afinal,

alguém que
carregamos
na palma da mão
com a gratidão do mundo...
Na minha
consciência
é que temos sim,
um
lento
caminhar
pelo mundo,
mas é sempre
muito solitário.
Quantas vezes
tivemos
momentos
atormentados
pelo sentimento
de insignificância,
ingratidão 
e indiferença.
Quantas vezes
atitudes nossas
pereceram desprezadas e sozinhas,
diante da 
incompreensão,
na espera 
de um afago,
uma resposta,
que não veio e não virá.
Quanto afeto e gratidão
se perderam
nestes anos..
Eu sei que
tudo pode
 
parecer
tão volúvel e insensível,
mas coisas assim
acontecem.
A
vida com afeto ou amor...
são  essenciais
não tê-los é  nada.
Amor é algo 
desejável, acontece
em muitos lares, 
o amor não 
está presente sempre
entre  familiares 
ou em parte deles.. 
A vida sem afeto, é amarga,
fica insuportável..
e foi isso em parte,
o que vivi,
o que vi,
o que senti, em 
muitos
momentos, 
que já rememorei
e comigo entendo,
o que a gente
não deve estar
sempre procurando, 
reviver
anos dourados, 
mas
a gente vive 
sempre
os anos 
dourados
por
 
estar vivo
e com saúde.
Até parece que 
foi ontem, mas assim,
nem tudo está  
perdido, 
emoções vive-se...
Tudo outra vez..