Sem amor, sem sexo, sem atenção, a solidão te pega.
O amor como o antídoto
da solidão é perfeito
A solidão nossa mais profunda condição.
O ser humano
é o único
ser que se sente
só e assim busca
outro ser para amar.
O amor
já foi
cantado,
estudado,
desprezado,
endeusado
por tantos,
ao longo dos
verões,
das
primaveras,
dos invernos
dos outonos,
dos tempos.
Tentou-se até ensinar
o amor em manuais.
No entanto, nem o
Kama Sutra
e muito menos Ovídio,
conseguiram dar conta
da sua essência.
Há os que amaram verdadeiramente,
há
aqueles que chegaram
perto,
há os que foram mas
optaram pela dúvida ou a
interrogação.
Vou escrever
na
penumbra
de
um quarto,
balançando-me
no
contato
com meu
smartphone
e não com
alguém,
mas
em
uma
cama,
ao
som de
pretty woman
de
Roy Orbison.
O amor é antes de tudo
uma aprendizagem.
Para alguns, amar não
é simplesmente
entregar-se, confundir-se,
unir-se a outra pessoa”,
mas sim “uma ocasião sublime
para o indivíduo amadurecer,
tornar-se algo em si mesmo,
tornar-se um mundo para si,
por causa de um outro ser”.
Em outras palavras, o amor faz
com que nós nos
conheçamos melhor
e aprendamos a conhecer o outro,
porque cada um de nós somos
um todo, não uma metade
a ser completada.
Talvez o escritor francês
Michel Houellebecq
tenha razão
ao dizer que
o amor é um
fenômeno raro,
artificial e tardio,
e que
“só pode
desabrochar
em condições
espirituais especiais,
raramente reunidas,
em todos os pontos
opostas
à liberdade
de costumes
característica
da época moderna.”
Quem sabe amor
rime mesmo
com dor,
cantor Zé Ramalho
explica
o sinônimo de
amar,
talvez
é sofrer,
ou
nas afirmações de
Philip K. Dick,
escritor norte-americano:
que não se pode sentir
o sofrimento a
menos que já
se tenha amado antes.
O sofrimento é
o resultado final
do amor,
porque é
o amor perdido.
Mas o que sei é
que a pressa mata
o amor.
A pressa é para
os apaixonados.
O amor é espera,
em todos os sentidos.
A ânsia pelo gozo
imediato priva
o gozo completo de
uma vida.
Contudo, não estou afirmando
que o amor é calmo,
parado,
inerte; justamente porque
é o amor
quem nos tira da nossa ignóbil
inércia.
Há diversas outras forma de matar
o amor, mas não quero escrever
sobre sua morte, e sim sobre
a centelha que o traz à existência.
O amor pode estar em uma
lágrima, em um gemido, em um
sorriso ou em um beijo na testa.
Quando há cumplicidade,
o amor pode tudo.
Se o diálogo falta, o amor
enfraquece.
São várias as gradações do amor,
como vários são os tipos e
os sentidos do amor.
É necessário respeitar cada um deles,
afinal amor é transcendência.
Saramago, velho escritor
portugués, já deixou escapar essa
máxima na fala de um de seus tantos
personagens: “...mais nos pertence
o que veio oferecer-se a nós do
que aquilo que tivemos de conquistar...”.
Só se ensina o que é o amor a quem a gente aprendeu o que é amar.
E amar nada mais
é do que aprender
a ver o céu,
é
enxergar fundo
dentro dos olhos
é conhecer a alma de outrem.
Amar
é especial, mágico, quase divino, mas deveras simples.
Somos nós quem teimamos
em complicar.
Há quem diga que o amor não passa
de uma reação química, de uma troca
de energia, de uma mistura de fluidos.
Há até matemáticos com fórmulas
para calcular a precisão do amor.
Há os que fazem distinção entre amor e sexo.
Há os que não fazem.
Há quem ame muito e muitos.
Há quem ame a um só.
Há os quem têm medo de amar.
Mas não há nada mais verdadeiro
do que o título de
um dos livros de Drummond:
“amar se aprende amando”.
E para encerrar esse texto,
só mesmo a estrofe última
do poema “Ouvir Estrelas”,
de Olavo Bilac, na qual
ele responde ao imaginário
duvidando
da sua lucidez,
“amai para
entendê-las
pois só
quem ama
pode ter ouvido
capaz de ouvir
e de entender
estrelas...
Diria
que amar
é
caminhar
e ter
o céu logo ai...
onde a felicidade está.