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domingo, 21 de janeiro de 2024

Sexo na idade média

Não era fácil fazer sexo durante a Idade Média na Europa, ao menos se você quisesse seguir todas as regras impostas pela Igreja Católica e que vigoravam como lei em muitos estados. Ou melhor, fácil até era, mas devia ser de uma monotonia absurda e exigia que os casais estivessem atentos a alguns detalhes. Se fossem à cama durante certas festividades, na noite de domingo ou enquanto a mulher estivesse grávida ou no período menstrual, depois precisariam fazer penitência vivendo somente de pão e água por alguns dias. As posições permitidas ao coito, por sua vez, limitavam sobremaneira qualquer estrepolia..era o modo missionário, hoje 
papai mamãe. 
Alberto Magno, filósofo santificado pela Igreja, chegou a elencar e dar seu parecer sobre cinco posições: missionário (o famoso papai e mamãe), lado a lado, sentado, em pé e por trás. A primeira, o papai e mamãe, era a única que considerava natural, acreditava ser a mais favorável à fecundação, a única finalidade do sexo naqueles tempos pretensiosamente castos. As outras quatro eram, na visão do liberal de Alberto, moralmente discutíveis, mas a opinião dominante na época ia além e as considerava execráveis, praticamente um pecado mortal.
Com o sexo orientado somente à reprodução da espécie, qualquer coisa que indicasse algo diferente desse finalidade como o prazer era condenado pelas autoridades eclesiásticas, aponta a historiadora italiana e especialista na época medieval Elena Percivaldi em "A Vida Secreta da Idade Média", livro que acaba de ser lançado no país🇧🇷. "Eram demonizadas seja a posição com a mulher por cima do homem, que ademais carregava a 'pecha' de subverter os papéis, quanto a penetração a tergo, isto é, por trás, porque evocava o coito dos animais", registra a autora. Sexo oral ou anal, então, sem chances, afinal, "ambos não eram voltados para a procriação. Na obra a autora investiga os pormenores da vida no período que se iniciou em 476 d.C., durou cerca de mil anos e, por conta do obscurantismo muitas vezes a ele associado, ficou também conhecido como a Idade das Trevas. O que as pessoas comiam e bebiam? Como se vestiam? Como lidavam com a religião e a constante presença da Igreja? Como se divertiam? E, claro, como usufruíam dos prazeres da vida? Aliás, mais do que isso, quais eram esses prazeres.
Elena aponta que a preocupação com o sexo impactava até na dieta de certos membros da Igreja, que deveriam abolir os gozos terrenos. "Em geral, aos eclesiásticos se recomendava o jejum ou uma alimentação baseada em vegetais , melhor ainda se crus, porque equivalia a renunciar aos prazeres do mundo. Acreditava-se, particularmente, que comer e beber, desmedidamente favorecesse o calor do corpo e, portanto, o impulso sexual. Nesse sentido, é ótima uma passagem de São Pedro Damião resgatada pela autora: Os genitais são incitados ao acasalamento com maior ardor quanto mais o estômago é enchido com abundância de alimentos e muitos goles de bebidas. Também chamam a atenção momentos do livro que parecem retratar costumes não muito diferentes do que temos nos dias de hoje, como a discrepância no tratamento dedicado a mulheres e homens adúlteros.
Se o pulador de cerca era do sexo masculino, podia-se até colocar panos quentes. Mas se era uma mulher, a questão era decididamente problemática. Em linha de princípio, as mulheres eram trancadas no convento. Mas eram previstas algumas penas mais ou menos "espetaculares", como a fustigação pública, a exposição ao público, escárnio e a raspagem dos cabelos até o crânio. O marido podia, então, decidir entre repudiar a mulher trancafiando-a em um convento ou retomá-la consigo. As normativas eclesiásticas costumavam chamar à atenção para o caráter da mulher como tentadora e, portanto, as punições reservadas a ela eram mais pesadas.