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quarta-feira, 13 de março de 2024

Pain and fear

O sofrimento faz parte da vida, mas ele não vai se impor sempre, mas de uma forma ou de outra sofremos, convivemos com ele, e o importante é ver como nós conseguimos viver de forma profunda e criativa diante do sofrimento e que a gente não nasce só para sofrer, há também no horizonte, ou no aqui agora momentos destinados a desfrutar da felicidade.
🗣️🧘A dor é inevitável, o sofrimento não.🧘👥


👀A Pandemia, que surgiu em 2020  em mostrando que um perigo invisível... e que seria mais fácil nos proteger de algo que vemos.. 🚩A gente sabia que tinha um vírus por aí solto, não tem uma imagem internalizada em nossa mente, nem sabe onde ele pode estar presente...numa compra, na agência bancária, num aperto de mão ou num abraço.. É este o perigo, por seu caráter invisível, intangível, por ser o vírus, que afronta mais e atrapalha mais a gente evita que se mantenha o medo, dentro dos limites usuais, e dentro da sua função..que é nos proteger. O medo, como todas as emoções, tem sua utilidade... inibe, instiga, mas desafia também.. Detectar o nível de perigo e assim, perceber bem o objeto que causa esse perigo e nos motivar a agir, seja no sentido de atacar, seja no sentido de recuar e se proteger.
🚩Então, o medo é uma instância, profundo, e no fundo um lugar de colocação da inteligência, da informação, de juízo, de apreciação da realidade da existência, da situação. Isso é muito importante a gente ter saber, que certas pessoas agem negando, estejam, em geral, brigando com a condição do medo. São aquelas pessoas que sentem assim “eu não posso ter medo porque ter medo é uma fraqueza, revela que eu sou uma pessoa vulnerável” ou então “eu vou atacar esse afeto, eu vou me impedir de ter esse afeto”.
🚩Certos negacionismos proliferam numa atitude tola, que é aquela de quem vai ignorar, que vai dizer assim 'eu tenho, no fundo, tanto medo, tenho tanta inépcia pra enfrentar o medo ou eu não consigo reconhecer o medo, que eu passo por cima dele, eu finjo que não há nenhum objeto de perigo, eu nego a realidade.

🚩O que tende a acontecer aí é que aquele medo que é negado vai fazer cócegas, vai ativar um outro tipo de 'medo', vamos pôr agora entre aspas, que é o medo das nossas fantasias, das nossas experiências íntimas, dos nossos quartos secretos, dos nossos estrangeiros que nos habitam. E esse medo a gente chama de “angústia”.
🚩Então, muito frequentemente, o trabalho de elaboração da realidade pela via do medo vai se assoreando, vai se complicado, vai ficando mais pesado e vai esgotando as energias físicas das pessoas porque ele se entranha com a angústia. E a angústia não se resolve com você olhando melhor pra um objeto, se informando melhor sobre ele, decidindo atacá-lo ou então fugindo.
🚩A angústia requer outro tipo de prática porque diz respeito a quê? Às nossas fantasias, diz respeito a como é que nós estamos olhando pra nós mesmos, como é que nós conhecemos nossos demônios, como é que nós enfrentamos aquilo de que a gente não quer saber e nós mesmos.
🚩E isso que volta neste momento junto com o medo, provocando uma série de transtornos. A angústia, quando volta, pode tornar a gente irritado, violento, mais propenso ao consumo de álcool e outra substâncias psicotrópicas, pode tornar a gente mais inclinado a impulsões, compulsões, reatividades, enfim, e desencadear novos sintomas, aí, sim, transtornos psíquicos propriamente caracterizados.
🚩Diante deste contexto que temos vivido, com tanta gente falando sobre isso, inclusive pacientes e pessoas em tratamento trabalhando esses aspectos da vida, o senhor acha que nós passamos a olhar com mais cuidado para a nossa saúde mental este ano ou estou enganada?
🚩Acho que sim, há uma consciência mais clara porque a saúde mental das pessoas saiu muito abalada. Então, a gente tem que reconhecer o esforço dos meios de comunicação, das redes sociais, das redes de solidariedade que pautaram a importância de a gente cuidar da nossa vida psíquica durante este tempo.
🚩Isso no Brasil, mas também fora do Brasil, é uma preocupação que pega carona, digamos assim, numa preocupação já antecedente com a saúde mental especialmente nas grandes metrópoles, da vida mais caótica, com números crescentes de depressão, ansiedade e suicídio, e que agora adquiriu, então, um novo impulso e uma nova valência.
🚩Quando a gente aumenta o nível de conflito, a gente aumenta o nível de demanda para o trabalho psíquico
A importância de cuidar da saúde mental ficou escancarada na prática, com as pessoas tendo que se haver com conflitos que são, em geral, geradores de sofrimento entre pais e filhos presos dentro de casa, entre maridos e mulheres, entre cônjuges em geral, entre empregados e trabalhadores.
🚩Todas as situações que habitualmente são atravessadas por conflitivas tiveram essas conflitivas, em geral, intensificadas. Quando a gente aumenta o nível de conflito, a gente aumenta o nível de demanda para o trabalho psíquico, pra manter um certo nível de salubridade ou de sobrevivência psíquica.
Alguns se saíram melhor do que outros nessa tarefa. Alguns tiveram também mais apoio, mais escuta, mais compartilhamento de afetos, mais coletividade, mais reconhecimento de limitações, mais recursos que outros. E aí eu estou falando de recursos psíquicos, simbólicos, não só materiais.
🚩Estamos vivendo um novo tempo. O vírus está aí, ele não foi embora, apesar de muitos ignorarem as recomendações sanitárias e o alto número de mortes no país, e temos a necessidade de conviver com algo que a gente não vê, materialmente falando, e que ainda pode tirar muitas vidas e potencializar este momento difícil em termos de política e saúde mental coletiva.
🚩Que este novo tempo e, claro, sobreviver, pra enfrentar os anos seguintes.
👀sobreviver...e preciso... de uma forma ou de outra. Não é pouca coisa. “Sobrevivemos” significa não só se manter respirando, mas sobrevivemos psiquicamente, sobrevivemos com os nossos contatos, com os nossos amores, com as nossas amizades e, principalmente, com os nossos sonhos.
Foi um momento difícil, mas é um momento que tem um passado às nossas costas e a gente olha pra frente e pode contar com uma espécie de bônus que foi criado pela própria travessia. Esse bônus, pra uns, é maior; pra outros, é menor. Houve aquele que, debaixo do cobertor, ficou esperando isso tudo passar. Teve outro que abriu a janela do seu sofrimento para o coração alheio, que foi fazer uma quentinha, foi trabalhar ajudando o pessoal em saúde publica.
🚩Sobrevivemos' significa não só se manter respirando, mas sobrevivemos psiquicamente, [...] com os nossos sonhos
Resultado: a gente tem também aqueles que formaram, nesse percurso, também um certo acervo de solidariedade, um certo acervo de relações, um certo acervo cognitivo, aqueles que se dedicaram a usar a cultura, os livros, as experiências anteriores pra fazer frente a essa experiência que a gente estava enfrentando agora, as famílias que se reorganizaram pra cuidar de filhos pequenos, pra cuidar de pessoas idosas, pessoas que se reuniram pra mitigar o luto de tantas famílias que perderam pessoas.
Ou seja, há muita coisa positiva neste ano, apesar da dor, do sofrimento, da pena, há muita coisa positiva. Na psicanálise, a gente não concorda com essa ideia de que o ano bom é um ano feliz e que a gente não sofreu e no qual tudo foram mil maravilhas. O sofrimento faz parte da vida, ele vai se impor de uma forma ou de outra e o importante é ver como nós conseguimos viver profunda e criativamente o sofrimento e também a felicidade.