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quinta-feira, 14 de março de 2024

A grande ilusão


A autoajuda serve-se de dar a ilusão de liberdade individual, isto nem nada, nem tudo...
As crises evidenciam..
que nem sempre podes ter o que quer, pois por mais que queiras, não conseguirás, nada se antes não revelarmos que as regras do jogo da vida, são assim..a vida é assim,
como na economia são enganosas,
produzem desigualdade
e punem a maioria de nós.
Não vejo nada de mau
na autoajuda...
É perverso fazer alguém ou acreditares que
tudo que dá errado,
para você que tudo é culpa sua, e que deves melhorar,
senão vem o insucesso.....
pelo contrário,
as regras do jogo estabelecidos
por uma minoria
em seu proveito
não precisam de nenhuma melhora.
Alguns desses
livros são divertidos...
Mas a ideologia que
os alimenta, não.
Leva a pensar,
por exemplo, que se hoje
estás desempregado,
é porque você não desejaste
o sucesso, o suficiente,
nem se esforçou.
Não..não pense nunca que
só você é um perdedor....
um fracassado,
como isso..aquilo
é toda culpa sua,
e isso absolve,
aliás, todos os demais responsáveis
por seu desemprego.
Antes havia perdedores simpáticos.
Hoje essa vigarice
do auto crescimento
impede isso...se você é um perdedor, é porque também você não aspira com força suficiente ou é um vagabundo, que não se deu ao trabalho de melhorar.
Antes o sistema era paternalista..
havia um empregador
de quem saíam a todo momento, as ordens que todos cumpriam,
e se as coisas fossem mal,
ele também se preocupava
e cuidava dos seus...
Já não existem
mais senhores assim.
Porque a partir de 1990,
o capitalismo, para continuar crescendo,
precisou de novos empregados empreendedores,
já que as tecnologias da informação tornaram antiquada a estrutura patriarcal.
Agora cada empregado,
deve ser capaz de tomar
suas decisões pela empresa e assumir suas consequências.
Gente que saiba mandar em si mesma.
Na era digital, para serem produtivas, as empresas devem manter uma fachada....só que é uma fachada horizontal:
os patrões e seus capatazes determinam metas e os empregados as cumprem da forma que quiserem.
A famosa direção por metas.
É a ilusão da autonomia pessoal quando,
na verdade, suas metas muitas vezes são impossíveis de serem cumpridas, ou só podem ser cumpridas se você desistir de tudo como lazer, família religião etc...tudo que não seja trabalhar.
Os patrões te dão toda a liberdade para renunciar da maneira que quiser à sua própria liberdade.
Pelo menos, quando impunham um horário,
seu tempo livre era seu.
Mas o trabalho produz satisfação, essa é a grande armadilha....
envolvida em todo esse palavreado de autoajuda..
da felicidade pelo trabalho.
Sustenta que o trabalho
é o único caminho da realização pessoal
até a felicidade.
Dessa forma, só podes ser feliz deixando
seus patrões ricos.
Antigamente calhava de você ser o pobre e inocente desgraçado...
agora, se você não for feliz,
além de tudo, é um preguiçoso, culpado por toda sua própria desgraça.
Antigamente, trabalhar era uma maldição bíblica..
Era o preço do sustento.
Na sociedade patriarcal era o modo cansativo,
mas inevitável, de sustentar a família: hoje a economia precisa de mais
envolvimento pessoal...
exige executivos auto convencidos que renunciam à família e aos amigos para investirem todas suas horas na empresa,
o que os torna melhores,
acreditam os mais alienados - super homens
e super mulheres felizes
e admirados.
Isso se a empresa funciona...
É o outro paradoxo:
acreditar que tudo depende somente de você,
mas na hora da verdade tudo depende dos resultados de sua empresa,
que por sua vez podem vacilar, como agora, por uma crise financeira
que começou a milhares de quilômetros
por culpa daqueles que decidem
e impõem as regras.
Também não poderíamos crescer sempre...
O crescimento tem limites,
mas o sucesso ilimitado que a filosofia da autoajuda,
promete e precisa iludir de que você é o único a impor os limites,
como se o planeta não os tivesse.
Enquanto você pode se permitir
três carros e duas piscinas,
o planeta e sua atmosfera não podem.
Às vezes, crescer é ser menor.:
Sim, é menos pior que tenhamos
"fracassado" em conseguir todos nossos objetivos,
se com isso salvamos o que resta da Terra.
Apesar disso os trouxas...
aqui estariam "pavimentando praias"...:
Essa lógica da autoajuda propicia, na crise,
enormes quantidades de sentimento
de culpa, que por sua vez
se transforma em depressão.
Na Argentina e na França a psicanálise é uma religião, e os antidepressivos, seu sacramento; e nisso, os argentinos
e franceses são os maiores do mundo.
Por quê?...
Exatamente porque são países com
egos enormes educados
na fé ilimitada,
na própria capacidade do controle de si mesmos
e de seu destino,
que é considerado como mero resultado
das decisões tomadas ao longo da vida.
As terapias breves, e outras técnicas devem
ser vistas como algo que ajuda mas é tido... não de um alcance ou controle ilimitado, que não é nada mais que a ilusão
infantil da onipotência.
E o resultado é que a sorte também existe.:
Chame de sorte,
destino, imponderável,
do que quiser,
mas trata-se da aceitação madura
de que uma parte do que acontece conosco....
por exemplo, esta crise financeira..
não depende exclusivamente de nós.
Mas sim nossa atitude diante dela.:
Eu não leio muito autoajuda...
melhor não leio muito.
Senão não estaria aqui escrevendo...
Mas li muito sobre muitos gurus.:
Leia-os, mas às vezes
é melhor fracassar.
Fracasse, homem!
Não sei se será mais feliz,
mas certamente viverá mais tranquilo.