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sábado, 1 de junho de 2024

Whitman

Para a alma aparecer, 
a mente tem que 
abrir espaço...
então
ai que falo,
e é de coisa boas.
Mas todos sabem
ou a maioria sabe,
que.para falar o que se pensa, o que se sente... 
não é fácil.
 A poesia é uma 
ligação direta da alma.












Na poesia,
uma palavra,
pode ser
uma ligação 
direta da alma.
Há sempre 
um momento 
na vida..quisera fossem muitos...quando temos 
alguém especial
eu gostaria...assim fosse....
ainda mais vindo de você,
Acho bom quando
deixamos transparecer 
a nossa alma do jeito 
que ela é,
e
às vezes sabemos 
que tem algo de pureza, de afetuoso...
é,
mas como nos enxergamos por dentro...
deixamos ao outro transparecer
faz parte da nosso dialogo, 
uma preciosidade,
somos polidos, não resta dúvida.
então ela está sempre 
nos acompanhando, seja 
no vocabulário que usamos, seja
nos nossos modos ou na nossa capacidade de engolir sapos e relevar grosserias:  
É uma excepcional qualidade. 
Mas também é inegável que isso nos rouba alguma energia em horas vitais.
Ser passional, vigoroso, arrebatador, acalorado, nada disso é possível quando se tem a civilização ao redor do pescoço, física ou metaforicamente falando. Em horas extremas, exige-se nudez - física ou metafórica, de novo. É preciso o mínimo de impedimento para gestos ousados, o mínimo de autocensura para falar o que se pensa, o mínimo de controle para demonstrar o que se sente. Há sempre um momento na vida - quisera fossem muitos - em que é preciso despir-se da nossa pele de cordeiro e deixar transparecer a nossa alma do jeito que ela é, e às vezes nem sabemos ao certo como ela é, tão pouco nos enxergamos por dentro. A adestração faz parte da nossa educação, mas como nos descaracteriza.Às vezes é preciso dar um dia de folga à nossa civilidade. Não há como não arrancar a gravata e jogar longe o salto alto na hora de fazer declarações de amor, confessar pecados grandes, sair em busca de um novo caminho pra
vida, escrever poemas com a dor da perda ainda latejando. Não há como não tirar o batom na hora do beijo, soltar os cabelos na hora do sexo, arregaçar as mangas na hora de um abraço forte. Durante emoções estupendas, nada pode nos apertar, nos constranger, nos segurar. São ocasiões raras em que não se deve ter compromisso algum com a vaidade. Aliás, somos insuportavelmente belos ao nos desamarrarmos, ao nos livrarmos de nossos pudores, ao arrancar os óculos do rosto para deixar que vejam nossos olhos, sejam eles claros, escuros ou vermelhos - todos já tivemos os olhos vermelhos.
Fernando Pessoa não conseguia continuar escrevendo o que escrevia para Walt Whitman estando de gravata. 
Sentia que perdia sua força justo quando esta lhe era mais necessária. Suas palavras exigiam liberdade para continuarem significativas, era imperioso ter mais fôlego, talvez até um pouco de selvageria e ele não pensou duas vezes: adeus, gravata. Era 1915, quando homens sem gravata não eram nem cumprimentados na rua. 
Mas em nome da sua arte 
e das exigências da sua alma,  ele pensou: dane-se. Estava certo. 
Para a alma vazar, o corpo tem que abrir espaço.