Para
a alma aparecer,
a mente tem que
abrir espaço...
então
ai que falo,
e é de coisa boas.
Mas
todos sabem
ou a maioria sabe,
que.para
falar o que se pensa, o que se sente...
não é fácil.
A poesia é uma ligação direta da alma.
Na poesia,
uma palavra,
pode ser
uma ligação
direta da alma.
Há sempre
um momento
na vida..quisera
fossem muitos...quando temos
alguém especial
eu
gostaria...assim fosse....
ainda mais vindo de você,
Acho
bom quando
deixamos transparecer
a nossa alma do jeito
que ela é,
e
às
vezes sabemos
que tem algo de pureza, de afetuoso...
é,
mas
como nos enxergamos por dentro...
deixamos ao outro transparecer
faz
parte da nosso dialogo,
uma preciosidade,
somos
polidos, não resta dúvida.
então
ela está sempre
nos acompanhando, seja
no vocabulário que usamos, seja
nos
nossos modos ou na nossa capacidade de engolir sapos e relevar
grosserias:
É uma excepcional qualidade.
Mas também é inegável que isso
nos rouba alguma energia em horas vitais.
Ser passional, vigoroso, arrebatador,
acalorado, nada disso é possível quando se tem a civilização ao redor do
pescoço, física ou metaforicamente falando. Em horas extremas, exige-se nudez -
física ou metafórica, de novo. É preciso o mínimo de impedimento para gestos
ousados, o mínimo de autocensura para falar o que se pensa, o mínimo de
controle para demonstrar o que se sente. Há sempre um momento na vida - quisera
fossem muitos - em que é preciso despir-se da nossa pele de cordeiro e deixar
transparecer a nossa alma do jeito que ela é, e às vezes nem sabemos ao certo
como ela é, tão pouco nos enxergamos por dentro. A adestração faz parte da
nossa educação, mas como nos descaracteriza.Às vezes é preciso dar um dia de
folga à nossa civilidade. Não há como não arrancar a gravata e jogar longe o
salto alto na hora de fazer declarações de amor, confessar pecados grandes,
sair em busca de um novo caminho pra
vida,
escrever poemas com a dor da perda ainda latejando. Não há como não tirar o
batom na hora do beijo, soltar os cabelos na hora do sexo, arregaçar as mangas
na hora de um abraço forte. Durante emoções estupendas, nada pode nos apertar,
nos constranger, nos segurar. São ocasiões raras em que não se deve ter
compromisso algum com a vaidade. Aliás, somos insuportavelmente belos ao nos
desamarrarmos, ao nos livrarmos de nossos pudores, ao arrancar os óculos do
rosto para deixar que vejam nossos olhos, sejam eles claros, escuros ou
vermelhos - todos já tivemos os olhos vermelhos.
Fernando
Pessoa não conseguia continuar escrevendo o que escrevia para Walt Whitman
estando de gravata.
Sentia que perdia sua força justo quando esta lhe era mais
necessária. Suas palavras exigiam liberdade para continuarem significativas,
era imperioso ter mais fôlego, talvez até um pouco de selvageria e ele não
pensou duas vezes: adeus, gravata. Era 1915, quando homens sem gravata não eram
nem cumprimentados na rua.
Mas em nome da sua arte
e das exigências da sua alma, ele pensou: dane-se. Estava certo.
Para a alma vazar, o corpo tem que abrir
espaço.