sexta-feira, 2 de agosto de 2024
August
Habituo-me a só pensar bem dos meus amigos, a confiar-lhe os meus segredos e o meu dinheiro, não tarda que me traiam. Se me revolto contra uma perfídia sou eu, sempre, a sofrer o castigo. Esforço-me por amar os homens em geral, faço-me cego aos seus erros e deixo, indulgente ao máximo, passar infâmias e calúnias: uma bela manhã acordo cúmplice. Se me afasto de uma sociedade que considero má, bem depressa sou atacado pelos demónios da solidão; e procurando amigos melhores, acho os piores.
Mesmo depois de vencer as paixões más e chegar, pela abstinência, a uma certa tranquilidade de espírito, sinto uma auto-satisfação que me eleva acima do próximo e temos à vista o pecado mortal, a vaidade imediatamente castigada.
Como explicar que toda a aprendizagem de virtude dê origem a um novo vício.
J.August. STRINDBERG (Estocolmo de 1849/1912), dramaturgo, romancista, ensaísta, contista e pintor sueco.
E. Munch, fez o seu retrato.
O trabalho é a melhor e a pior das coisas: a melhor, se for livre. A pior, se for escravo.
August Strindberg
A importância de amar o que se faz.