Apenas a pequena palavra, adeus...
E no meio do ritmo frenético da vida, dessa confusão que anda o mundo, alguém❤️ partiu triste sem se despedir, foi muito triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um dia qualquer, uma pessoa sente a perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer momento a ideia de ausência. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito, depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado sem glória, nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa, que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades, nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio e de sossego e um indefinível remorso e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida, que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão, mas que essa solidão ficou menos infeliz, que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho,
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões, se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras com flores e cantos. O inverno te lembras nos maltratou, não havia flores, não havia mar e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver, entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações. Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes, sempre o silêncio torna tudo menos penoso, lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: Adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.
Adeus.